As revoluções comercial e
industrial trouxeram para Humanidade um grande desenvolvimento
tecnológico e científico, mas também uma grande mudança na maneira de
pensar.
A fé e a existência de Deus passaram a ser questionadas, buscando uma lógica e um bom senso apoiado nestas mudanças realizadas.
A
igreja, que até então era a dona da verdade, começava a ser desmentida
pelos fatos. A idéia da criação em sete dias de 24 horas, o aparecimento
do homem na Terra há 4.000 anos antes de Cristo já não tinha apoio
científico, e as divergências da moral pregada e da moral praticada
começava a jogar por terra a existência de Deus, e o materialismo passou
a se tornar uma tendência crescente entre os homens.
É nesse momento de amadurecimento da Humanidade, que os Espíritos nos induzem a ter a verdadeira compreensão de Deus.
A
questão é tão importante para a formação de uma nova mentalidade, que o
Codificador dedica todo o primeiro capítulo da primeira parte de O
Livro dos Espíritos a um estudo sobre Deus, aprofundando o tema mais
tarde em vários artigos da Revista Espírita e em outras obras de sua
autoria.
Allan Kardec trata o tema com tanta competência que, já na
primeira pergunta de “O livro dos Espíritos”, questiona: “O que é Deus
?”
Notamos sua sabedoria já no formular da questão; a pergunta é “O
que é Deus”, e não “Quem é Deus”. Desta forma, o grande pensador francês
tirou a idéia de personalidade e individualidade do Criador, pensamento
este muito bem desenvolvido pelo filósofo italiano Pietro Ubaldi em sua
obra A Grande Síntese, quando estuda a idéia do Monismo.
É então que
os Espíritos nos respondem: Deus é a Inteligência Suprema, Causa
primária de todas as coisas, nos mostrando o caráter de Criador do Ser
Supremo. Tudo o que existe veio Dele, ou seja, Ele é a Causa primária,
ou primeira (como querem alguns), de tudo o que existe. E para mostrar
aos intelectuais de então que esta afirmativa tem base científica, os
Espíritos nos esclarecem sobre a prova da existência de Deus: um axioma
que aplicais às vossas ciências. Não há efeito sem causa, esta é a prova
da existência de Deus. Procurai a causa de tudo o que não é obra do
homem e a vossa razão responderá.
Portanto, se há uma casa em algum
lugar, alguém a construiu, se existe uma determinada música, houve um
compositor que a fez. Desta forma, procuremos o que não pode ser obra do
homem, e veremos que houve uma Entidade Superior que assim a fez.
Não
importa, como diz o próprio Codificador em seu livro Obras Póstumas, se
chamamos essa Causa Primária de Deus, Jeová, Alá, Brama, Fo-Hi, Grande
Espírito, etc. O que temos que ver é que se os efeitos são inteligentes,
é sinal que a causa é inteligente. E é devido à perfeição dos efeitos
que os Espíritos nos mostram ser Deus, não um ser inteligente, mas, a
Inteligência Suprema.
Uma outra questão tratada pelo Codificador que
devemos aqui lembrar, é a da natureza divina. Pode o homem ver Deus?
Entender a sua intimidade ? E ele responde no item 8, do capítulo 2, do
livro “A Gênese”:
Não é dado ao homem sondar a natureza íntima de
Deus. Para compreendê-lo, ainda nos falta o sentido próprio que só se
adquire por meio de completa depuração do Espírito. Mas se não pode
penetrar na essência de Deus, o homem, desde que aceite como premissa a
sua existência, pode pelo raciocínio, chegar a conhecer-lhe os atributos
necessários, porquanto, vendo o que ele absolutamente não pode ser, sem
deixar de ser Deus, deduz daí o que ele deve ser.
Atributos Divinos
Deus
é eterno. Se tivesse tido começo, alguma coisa havia existido antes
dele, ou ele teria saído do nada, ou então, um ser anterior o teria
criado. É assim que, degrau a degrau, remontamos ao infinito na
eternidade.
É imutável. Se tivesse sujeito à mudança, nenhuma estabilidade teriam as leis que regem o Universo.
É
imaterial. Sua natureza difere de tudo a que chamamos matéria, pois do
contrário, ele estaria sujeito às flutuações e transformações da matéria
e, então, já não seria imutável.
É único. Se houvesse muitos Deuses,
haveria muitas vontades e, nesse caso, não haveria unidade de vistas,
nem unidade de poder na ordenação do Universo.
É onipotente. Se ele
não dispusesse de poder soberano, alguma coisa ou alguém haveria mais
poderoso do que Ele; não teria feito todas as coisas e as que ele não
houvesse feito seriam obra de outro Deus, então Ele não seria único.
É
soberanamente justo e bom. A sabedoria providencial das leis divinas se
revela nas mínimas coisas como nas maiores e essa sabedoria não permite
se duvide nem da justiça, nem da sua bondade. A soberana bondade
implica a soberana justiça, porquanto se Ele procedesse injustamente ou
com parcialidade numa só circunstância que fosse, ou com relação a uma
só das criaturas, já não seria soberanamente justo, e em conseqüência,
já não seria soberanamente bom.
Deus é infinito em todas as suas
perfeições. Se O supuséssemos imperfeito em um só de seus atributos, se
Lhe tirássemos a menor parcela de eternidade, de imutabilidade, de
imaterialidade, de unidade, de onipotência, de justiça e de bondade,
poderíamos imaginar um ser que possuísse o que lhe faltasse, e esse ser,
mais perfeito do que ele, é que seria Deus.
Para finalizar,
gostaríamos de lembrar de um outro ponto tratado pelos Espíritos, quando
respondem a questão 536 de O Livro dos Espíritos: (...) Deus não exerce
ação direta sobre a matéria (...), como a definir para todos nós que o
Criador tem em seus Filhos já mais evoluídos, verdadeiros co-criadores a
auxiliá-Lo na execução de Suas Leis.
Livro: Apostila do Curso de Espiritismo e EvangelhoCentro Espírita Amor e Caridade - Goiânia – GO - 1997
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