Pai Nosso - A Prece
Ao
proferir a prece ensinada por Jesus, síntese perfeita do que podemos
louvar, pedir e agradecer a Deus, nós, Espíritos em
desenvolvimento, caminhando da animalidade para a angelitude,
precisamos atentar bem no significado de cada frase, visto que
essa prece reflete, acima de tudo, um compromisso entre nós e
Deus.
Sendo
uma prece decorada, necessário é que estejamos bem conscientes
das idéias nela contidas, no entendimento e na intenção de vivenciá-las,
porque, toda vez que a proferimos, estamos reafirmando um
compromisso de sentimentos, de atitudes e de comportamento com o
Pai.
Reflitamos:
PAI NOSSO, QUE ESTAIS NO CÉU, SANTIFICADO SEJA O VOSSO NOME.
O vocativo Pai nosso
significa que compreendemos e aceitamos Deus como o Criador que
continua envolvendo, sustentando, protegendo a sua criação: o
Pai.
Nossa
limitação intelectual e moral (segundo Emmanuel, estamos mais
próximos da animalidade do que da angelitude) impede-nos de
compreendê-lo em sua natureza e essência. Todavia, a sua obra aí
está, mostrando-nos que antes e acima de tudo e de todos, existe
"a inteligência suprema e a causa primária de todas as coisas".
Esta compreensão nos leva a ver e a aceitar que somos todos
iguais na origem e na destinação.
Ao
pensarmos ou dizermos "Pai nosso", estamos reconhecendo que somos
todos irmãos, criados da mesma maneira, tendo todos o mesmo potencial
de inteligência e moralidade, a ser desenvolvido em longo
processo evolutivo.
Estamos assumindo uma irmandade que deveria nos levar à solidariedade, à fraternidade, ao amor ao próximo.
Naquele
que existe a intenção e o esforço do desenvolvimento desses
sentimentos, essas duas palavras tornam-se um estímulo a essa luta
interna de ver e sentir no outro, em qualquer outro, um irmão
merecedor da nossa compreensão, da nossa simpatia, da nossa
afeição.
Paulo,
em Atos dos apóstolos, 17:28 disse: "Em Deus nos movemos e
existimos". Deus está,. pois em toda parte, mesmo nos lugares onde não é
lembrado e suas leis não são reconhecidas, visto ser Ele que
sustenta todos os universos.
Se
n’Ele nos movemos e existimos, não há nada, nem ninguém, d’Ele
distante. O que acontece é o homem não ter a percepção de sua presença,
pelo não desenvolvimento, ainda, da sua sensibilidade espiritual.
Distantes
ainda do desenvolvimento pleno, não conseguimos perceber Deus em
nós e ao redor de nós. Mas Ele nos envolve, penetra-nos,
constantemente. Cabe-nos, apenas, no desenvolvimento de nossa
sensibilidade, no desenvolvimento do amor em nós, abrirmo-nos para essa
percepção.
Ao
dizermos "Pai nosso que estais no céu, santificado seja o vosso
nome", lembremo-nos das palavras de Paulo e entreguemo-nos às vibrações e
ao amor de Deus. Deixemos que suas energias amorosas se
movimentem dentro de nós, para que possamos nos perceber n’Ele, a
fim de vivermos, conscientemente, com Ele.
VENHA A NÓS O VOSSO REINO
Os
próprios discípulos próximos a Jesus não entenderam bem, de que
reino ele falava e, talvez, nem hoje ainda, tenhamos dele a compreensão
total.
Todavia,
toda a mensagem de Jesus é direcionada para esse reino, que está
em nós, sendo desenvolvido. E é a partir desse desenvolvimento no
interior dos homens, que a Terra será um dia, um reino de Deus, onde
todos gozarão da felicidade que advém do conhecimento da Verdade,
no exercício pleno de sua inteligência, sensibilidade e
moralidade, sem necessidade da dor, do sofrimento, colaborando
com o Pai, na sua obra, como acontece nos mundos felizes.
Esta
frase demonstra o nosso reconhecimento, na compreensão possível, a
nossa aceitação desse reino e a nossa intenção de conquistá-lo no
esforço da vivência dos ensinos e exemplos de Jesus, pois sabemos
que esse reino não virá por milagre ou pela graça, mas sim pelo
esforço persistente e operante dos homens no bem.
Estamos
solicitando que essa aceitação nos leve a perceber o seu amparo
em nossa auto-educação, no uso dos recursos internos e externos, segundo
a moral ensinada e vivida por Jesus.
‘Que
esse reino se concretize na Terra! Que as lutas, os sofrimentos,
as dificuldades, o trabalho, a convivência, a inteligência, a ciência, a
arte, a religião, a filosofia possam educar-nos e a humanidade,
na conquista desse reino de amor e sabedoria, a fim de que a
Terra se transforme, neste milênio, em um mundo melhor, mais
justo e mais feliz.
SEJA FEITA A VOSSA VONTADE ASSIM NA TERRA COMO NO CÉU
Talvez seja esta frase a expressão maior da aceitação plena do compromisso que assumimos com Deus, nesta prece.
Com
ela, nós nos comprometemos a aceitar, consciente e totalmente, a
nossa condição de filhos de Deus e suas leis perfeitas, sábias e
justas, que expressam a sua vontade em relação à Terra e a nós.
Comprometemo-nos, também a aceitar a nossa responsabilidade em nossa evolução e na do mundo em que vivemos.
Nesta
frase, despimo-nos da nossa vaidade, da nossa arrogância, do
nosso orgulho e egoísmo, que tanto nos tem atrasado no processo
evolutivo e, nos posicionamos como filhos frágeis e rebeldes que
somos ainda.
Nela
estamos ou deveríamos estar, ser humildes. E nessa humildade,
podemos perceber melhor a beleza da vida e a sabedoria de Deus, que nos
criou, a todos, simples e ignorantes, com a determinação de
sermos, no futuro, provavelmente distante, verdadeiramente
sábios, conhecedores da Verdade, sabendo usá-la, vivê-la com
inteligência e amor.
É
esta certeza que nos leva a dizer: "Seja feita a vossa vontade assim
na Terra como no céu", conscientes de que a vontade de Deus em
relação a nós, expressa em suas leis, é sempre a do Bem que
beneficie a todos. Jamais, a vontade de Deus é o mal a quem quer
que seja.
O PÃO NOSSO DE CADA DIA DAI-NOS HOJE
Reconhecemos nesta frase que de Deus vem tudo que existe e tudo que precisamos, pois ele é a origem de tudo.
Reconhecemos
nela, nossas necessidades materiais que são percebidas primeiro,
enquanto o homem caminha em sua fase primitiva, tendo de vencer
apenas os obstáculos a sua sobrevivência e manutenção. Mais evoluído,
passa a perceber também as necessidades espirituais, sociais e
emocionais, que o leva à percepção dos valores morais e sua
importância.
Daí
as necessidades espirituais vão se tornando tão prementes quanto as
materiais e o homem passa a dedicar sua inteligência para satisfazer
a ambas. Quanto mais evolui, mais percebe que elas se relacionam
e as maneiras de satisfazê-las também.
Pedimos,
pois que nossas necessidades materiais e espirituais possam ser
satisfeitas para que nosso desenvolvimento se faça com equilíbrio,
segurança e prazer. Todavia, como somos o artífice do nosso
desenvolvimento e da nossa felicidade, implícito está nela, que a Deus
pedimos, principalmente, o alimento espiritual que nos auxilie no
fortalecimento da nossa inteligência e sensibilidade.
Que
"o pão nosso de cada dia" sintetize o pedido desse alimento
espiritual divino, para que saibamos e possamos prover todas as nossas
necessidades, através do esforço pessoal no trabalho, no convívio
fraterno com todos, sentindo, pensando e fazendo, sempre somente o
Bem.
PERDOAI AS NOSSAS DÍVIDAS ASSIM COMO PERDOAMOS OS NOSSOS DEVEDORES
Talvez seja esta frase a mais difícil de ser dita, pela dificuldade que temos em desculpar, em perdoar.
Há espíritas que substituem o tempo do verbo: "Perdoai as nossas dívidas quando perdoarmos os nossos devedores, num reconhecimento honesto da dificuldade em perdoar.
Pensamos,
todavia que Jesus, sabendo da nossa inferioridade espiritual,
colocou o verbo no presente, justamente, para que ao repeti-la, nos
conscientizemos da importância e da necessidade do perdão.
Assim,
as pessoas que já reconhecem os valores espirituais como os mais
necessários, nesta fase em que vive a humanidade, a serem desenvolvidos
em nós e por nós, não podem protelar mais esse esforço em
consegui-los.
Com
o verbo no presente, esta frase deve nos intimar ao perdão, visto
que, ao dizê-la, estamos reafirmando o compromisso de reconhecer e
aceitar a lei do perdão como indispensável a nossa evolução.
Sentir-nos-emos, então estimulados a continuar esse esforço de
perdoar setenta vezes sete vezes, como disse Jesus, almejando
que, um dia, não sentiremos mais essa necessidade por não mais
sentirmo-nos ofendidos.
Enquanto
não alcançarmos esse ideal, continuemos a repetir a frase de
Jesus, conscientes de que estamos reafirmando o compromisso do esforço.
NÃO NOS DEIXEIS CAIR EM TENTAÇÃO. LIVRAI-NOS DO MAL
Reafirmamos
a compreensão da nossa fraqueza no cumprimento das leis divinas e
reconhecemos nossa inferioridade espiritual que nos leva a
errarmos, a ceder às tentações.
Entendemos
que somos tentados naquilo que temos ou somos, intimamente,
razão pela qual acatamos os estímulos externos que nos impelem à
valorização dos prazeres materiais acima dos espirituais, a colocarmos
os nossos interesses acima dos interesses dos outros, levando-nos
a infringir a lei do Amor.
Nesta
frase, reconhecemos nossa fragilidade, nosso orgulho, nosso
egoísmo. E pedimos, então o fortalecimento da nossa vontade em resistir
ao que nos atrai, que possa trazer a nós e a outrem, dificuldade,
dor, sofrimento.
Estamos
pedindo energias amorosas para que possamos resistir ao mal que
existe dentro de nós, criado e desenvolvido por nós, no decorrer do
nosso processo evolutivo e do qual queremos nos libertar.
Pedimos
ajuda espiritual porque sabemos que essa libertação só virá
através do nosso esforço em resistirmos as nossas tentações,
desenvolvendo o Bem que existe em nossa essência íntima do ser
espiritual.
Assim,
quando dizemos: "Não nos deixeis cair em tentações. Livrai-nos
do mal", mais uma vez não estamos pedindo milagre, que não existe, mas
auxílio em nossa luta interior, solitária, de eliminarmos o mal
com o desenvolvimento do bem em nós e ao redor de nós.
ASSIM SEJA
Que
tudo isso que almejamos, ideal a ser conquistado nos ensinos e
exemplos de Jesus, possa estar sendo trabalhado dentro de nós, com o
concurso do que temos hoje, inteligência e moralidade que
conseguimos desenvolver e com o auxílio de Deus, através dos seus
filhos, já evoluídos e que são seus mensageiros e colaboradores.
Que
as bênçãos de Deus possam ser sentidas e percebidas por cada um de
nós, a fim de que sejamos, continuamente, estimulados para o Bem.
Bibliografia:
O Evangelho Segundo o Espiritismo - Allan Kardec - Cap. XXVIII - Preces Gerais
(Jornal Verdade e Luz Nº 183-184 de Maio de 2001)
Site: Portal do Espírito
Autor: Leda de Almeida Rezende Ebner
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