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segunda-feira, 9 de abril de 2012

 
A Espiritualidade afirma que, quando de sua volta para o mundo dos Espíritos, a alma conserva as percepções que tinha quando encarnada na Terra, e que desabrocham-lhes outras, porque o corpo funciona como um véu, obscurecendo-a.
Sobre esta questão, Allan Kardec realizou em “O Livro dos Espíritos”, um estudo denominado: “Ensaio Teórico da Sensação nos Espíritos”. Devido à importância do tema e da profundidade deste estudo realizado pelo Codificador, vamos fazer um resumo do mesmo, mas deixando claro que para uma boa compreensão do tema, melhor seria um estudo completo do texto que corresponde à questão 257 da obra citada.
O corpo é o instrumento da dor. Se não é a causa primária desta, é pelo menos, a causa imediata.
A alma tem a percepção da dor, mas essa percepção é o efeito.
Apesar de que esta percepção é muitas das vezes dolorosa, podemos afirmar que ela não é física. Ilustramos com um exemplo dado por Kardec: A simples lembrança de uma dor física, pode produzir o efeito da mesma, mesmo que no momento não haja motivo para tal. Isso ocorre porque o cérebro guardou esta impressão, e o perispírito como elemento de ligação entre o Espírito e o corpo, transmite do primeiro para o segundo, impressões, e no sentido contrário, sensações. Resumindo, concluímos que o perispírito é o agente das sensações exteriores.
Quando encarnado, o Espírito tem o sentido dessas sensações no corpo, quando este é destruído, elas se tornam gerais.
Sabemos que no Espírito há percepção, sensação, audição, visão, e que essas faculdades são atributos do ser todo e não, como no homem, de uma parte apenas.
A dor, como já dissemos, não é propriamente física, ainda que muitas vezes o Espírito a reclama ou diz que sente frio ou calor. Entendemos que, apesar de muitas vezes ser bastante penosa, ela é mais uma reminiscência do que uma realidade. Entretanto algumas vezes há mais do que isso, como apresenta o ilustre pensador lionês.
A experiência mostra que o perispírito, quando da desencarnação, não se desprende rapidamente da maneira que a maioria supõe, e devido a esta ligação, muitas vezes o Espírito crê-se vivo; vê seu corpo ao lado, sabe que lhe pertence, mas não compreende que esteja separado dele. Essa situação normalmente dura enquanto existe a ligação entre os corpos físico e espiritual.
Relata Kardec o exemplo de um suicida: “Disse-nos certa vez um suicida: Não estou morto, no entanto sinto os vermes a me roerem”. É obvio que os vermes não lhe roíam o perispírito, e muito menos o Espírito. O que eles roíam era o corpo, mas como não havia uma completa separação do corpo e do perispírito, ele tinha uma impressão quase física do que estava acontecendo. Era uma ilusão, não uma realidade, embora o sentimento parecesse real. Neste caso não podemos dizer que o que ele sentia era uma reminiscência, conclui Kardec, porquanto ele não fora em vida, roído pelos vermes: havia o sentimento de um fato da atualidade. Isto nos favorece uma gama de ensinamentos muito importantes, se observarmos atentamente os fatos.
Sobre os Espíritos superiores, o Codificador nos informa que eles não sentem nenhuma influência da matéria. Não sentindo dor ou qualquer sentimento originado por este elemento. O som dos nossos instrumentos, o perfume das nossas flores nenhuma impressão lhes causam. Entretanto, eles experimentam sensações íntimas, de um encanto indefinível, das quais idéia alguma podemos formar, porque a esse respeito, somos quais cegos de nascença diante da luz.
Quando Kardec afirma que os Espíritos são inacessíveis às impressões da matéria que conhecemos, se refere aos Espíritos muito elevados, cujo envoltório etéreo não encontra analogia neste mundo. Quanto aos mais atrasados, cujo perispírito é mais denso, percebem os sons, os odores, etc., porém, apenas por uma parte limitada de suas individualidades, conforme quando encarnados.
Esta teoria pode trazer alguma frustração para aqueles que pensavam que o sofrimento e as dores terminariam com a destruição do corpo físico, mas notamos que ela é bem lógica e expressa a justiça do Criador, na medida em que vincula o sofrer do Espírito à maneira vivida por ele, quando encarnado. Se procuramos na vida terrena somente a satisfação dos gozos materiais, vamos encontrar um sofrimento a posteriori. Toda via, se a vida para os valores do Espírito imortal, é a nossa busca, seremos tranqüilamente bem-aventurados, pois atingiremos aquele estado em que Jesus disse: Bem aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus.
Podemos concluir, então, que pode haver sofrimento por parte do Espírito no plano espiritual, mas este sofrimento será sempre menor à medida que nos elevarmos moralmente.
Meditemos portanto nas palavras daquele que é o “Mestre dos mestres, o Sábio dos sábios”:
“Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam; mas ajuntai tesouros no céu, onde os ladrões não minam nem roubam.” (Mateus, 6: 19 e 20)
Livro: Apostila do Curso de Espiritismo e Evangelho
Centro Espírita Amor e Caridade - Goiânia – GO - 1997

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