Deus é justo?
Normalmente,
quando tudo dá certo conosco, achamos que é merecimento e que Deus nos
faz justiça. Quando nos são negados nossos anseios de preenchimento
mental e satisfação física, ou seja, quando não está acontecendo o que
queremos, sentimo-nos injustiçados, principalmente ao nos compararmos
com outras pessoas. Por que ele tem e eu não? Achamos que Deus não está
fazendo justiça conosco e que estamos sendo punidos.
É
que trazemos cargas negativas do passado, que ocasionam frustrações no
momento, existindo também atos desta encarnação que podem ser o motivo
de muitas decepções.
Normalmente,
não enxergamos a realidade da vida e sim a projeção das nossas
ilusões, por considerarmos a vida física como fim e não como meio.
Muitas
vezes, o justo ou o injusto baseia-se, de acordo com nossa
compreensão, no que damos e no que achamos que devemos receber em
troca. Sentimo-nos injustiçados, porque quase sempre temos como meta
nossa distração e o preenchimento da vida com prazer.
Transformamos
as funções e necessidades do corpo físico e a capacidade de pensar
como fim da nossa existência. Não chegamos a olhar a vida como um todo e
a desempenhar eficientemente nossa parte neste conjunto.
Já
imaginaram se o coração se sentisse injustiçado por não ter folga e
nem descanso físico? Que seria do homem? Diante desse exemplo,
aprendemos que cada um deve fazer o que lhe compete, sem esperar
recompensas, e sempre consciente de que deve utilizar o potencial nobre
que a vida lhe concedeu.
Apesar
de insignificantes diante do cosmo, fazemos parte dele. Portanto,
precisamos desempenhar nossa função como parte da vida e não viver para
os nossos prazeres e conquistas, materiais ou espirituais.
Deus
não cria os seres para puni-los ou premiá-los. Cada qual tem sua
função e utilidade, assim como o grão de areia tem sua função no
deserto ou na praia. Punir uma manifestação, seria reconhecer Sua
própria falha.
Ao
comprarmos uma máquina nova, o fabricante nos dá garantia da mesma, e
qualquer falha no seu funcionamento não significa a intenção do
fabricante em nos punir, pois a garantia dela fará com que ele lhe
restaure as funções. E, no caso, ele é o maior prejudicado, porque, além
dos gastos de reposição, teria seu nome comercial prejudicado e posta
em dúvida sua idoneidade.
Não
somos uma máquina, é certo, e a falha nunca está em Deus, e sim em
nossa maneira de nos relacionarmos com suas Leis, com a vida. Na maioria
das vezes, nossos ânimos e desejos não encontram ressonância nos
planos traçados pela vida, por causa de nossas existências anteriores.
Às
vezes o que desejamos não é o que podemos ter. Quase sempre nossos
desejos são saturados de egoísmo. Os da vida são saturados de grandeza,
de amor e de realização plena do homem.
Na
Terra, cada variedade de raça recebe, com maior ou menor intensidade, o
que necessita para desempenhar e enobrecer a espécie a que pertence. O
grupo humano não foge à regra geral e natural, somente foi
acrescentada em nós a faculdade da liberdade de escolha, para
cumprirmos a tarefa para a qual fomos chamados.
Se
nos harmonizamos com as Leis Divinas, nos sentiremos felizes a caminho
do progresso, enquanto que, se as desprezamos, criamos um ambiente
vibratório individual de desarmonia, que poderá atingir aqueles que nos
cercam, e terá ressonância de vibrações inferiores.
Será
que Deus criou a Terra, com todo seu aparato animal e vegetal, somente
para o desfrute do homem? O ser humano foi criado para usufruir de
tudo à custa dos que caminham com ele? Não! Pelos seus atos de abuso,
cuja consequência não compreende, presume que Deus lhe está sendo
injusto.
Temos
quase sempre, em nossas existências, buscado o significado da vida,
tentando adivinhar por que razão Deus criou o homem. Talvez façamos
isso, por darmos importância demais em pensar o que somos, ou pelos
sentimentos que nos transmitiram, de tão importante questão.
Deus
é profundamente simples. Para que possamos ouvi-Lo e senti-Lo, é
preciso antes de tudo ser simples como Ele. Um exemplo da simplicidade
de Deus é sua onipresença, tanto em nosso Cristo, quanto num verme
desprezado por todos.
Devemos
nos despojar do cultivo da autovalorização, vaidade, orgulho e
presunção, para nos tornarmos melhores. Se não assumirmos nossa
participação no conjunto do orbe terráqueo, nos sentiremos excluídos de
obrigações e responsabilidades.
E
aí, o que acontece com os habitantes da Terra? A consequência é esta
que estamos vendo: destruição e devastação do que a natureza levou
milhões de anos para realizar.
Não
nos sentindo parte do Universo, parece que estamos no mundo somente
para usar e desfrutar as coisas, não tendo nada a responder, sem
responsabilidades com o que acontece com tudo e com todos, alheios aos
que sofrem dores e misérias.
Não
podemos compreender Aquele do qual estamos separados e, enquanto assim
estivermos, não faremos parte do todo. Ao contrário, se participarmos
do todo, seremos um só. Não haverá nem o maior, nem o menor, porque
nosso pequenino eu se perderá, diante da grandeza e importância do
Universo.
Que
restará, então, para nós e para nossa espécie? Viver e neste viver,
conhecer e compreender nossas funções e as dos que nos cercam, compondo
assim um todo harmônico.
Aquilo
que os irracionais fazem instintivamente, o homem deverá fazer
consciente e espontaneamente. Os irracionais não têm escolha, o homem
pode escolher. Pode recusar ou participar do Banquete Divino, que é a
própria vida, refletindo assim a simplicidade e o equilíbrio do macro,
refletido no micro.
Não
teremos, então, nenhuma pretensão, por situações anteriores
posteriores, ou do momento presente, pois elas são produtos do egoísmo
oriundo da mente temporal. E Deus é atemporal.
Deus
é profundamente justo. Não há desvios nem preferências em suas leis.
Recebemos de acordo com o que fazemos, sendo que nossas vibrações são
resultados de nosso estado interior, e que nos proporcionarão ligações
com vibrações harmoniosas ou perturbadas, a causar dor e angústia, ou a
felicidade.
Conhecendo
a Lei da Reencarnação, entenderemos melhor a Justiça Divina.
Compreendendo Deus, veremos que tudo que Ele faz é justo, pois nada deve
a ninguém. Tudo o que recebemos é graça e de graça, nada temos feito
para ter crédito com Deus. E, por mais que façamos, procede d'Ele o
potencial da vida, a capacidade e a oportunidade de agir. Se vivermos
esta verdade, nunca se abrigará em nossa mente a questão de Deus ser
justo ou injusto.
Edição
de texto retirado do livro “O Vôo da Gaivota” – Autoria Espiritual de
Patrícia – Psicografia de Vera Lúcia M. de Carvalho – Ed. Petit
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