A Vida de Jesus - Contexto Histórico
No livro Boa Nova, o Espírito Humberto de Campos nos faz o seguinte relato sobre o período que antecedeu a vinda do Mestre até nós:
Os historiadores do Império Romano sempre observaram com espanto os profundos contrastes na gloriosa época de Augusto.
Caio Júlio César Otávio chegara ao poder, (...), por uma série de acontecimentos felizes.(...)
Uma
nova era principiara com aquele jovem enérgico e magnânimo. O grande
império do mundo, como que influenciado por um conjunto de forças
estranhas, descansava numa onda de harmonia e de júbilo, depois de
guerras seculares e tenebrosas.(...)
(...)
A paisagem gloriosa de Roma jamais reunira tão grande número de
inteligências. É nessa época que surgem Virgílio, Horácio, Ovídio,
Salústio , Tito Lívio e Mecenas, (...)
É
que os historiadores ainda não perceberam, na chamada época de Augusto,
o século do Evangelho ou da Boa Nova. Esqueceram-se de que o nobre
Otávio era também homem e não conseguiram saber que, no seu reinado, a
esfera do Cristo se aproximava da terra, numa vibração profunda de amor e
de beleza. Acercavam-se de Roma e do mundo não mais Espíritos
belicosos, como Alexandre ou Aníbal, porém outros que se vestiriam dos
andrajos dos pescadores, para servirem de base indestrutível aos eternos
ensinos do Cordeiro. Imergiam nos fluidos do planeta os que preparariam
a vinda do Senhor e os que se transformariam em seguidores humildes e
imortais dos seus passos divinos.(...)
Entre
esses Espíritos, destaca-se a iluminada figura de Maria de Nazaré, que
aceitou do Plano Maior da Vida a missão de ser a mãe daquele que o mundo
conheceria como o “Salvador”.
Qualquer
narrativa em torno da incomparável personalidade de Jesus, ou da
evocação dos seus feitos insuperáveis, não pode prescindir de uma
análise, superficial que seja, da terra onde ele viveu e do povo que a
habitava.
Somente
assim, se poderá compreender a posição por Ele assumida ante as
transitórias governanças política e religiosa então vigentes,
características desse povo sofredor, destemido e temente a Deus, que
vivia num verdadeiro oásis de monoteísmo, situado num imenso deserto de
politeísmo, no qual se desenvolveram as civilizações da antigüidade.
A
Palestina, que literalmente significa “terra dos filisteus”, está
encravada entre o Mediterrâneo, o Líbano, o deserto da Síria, na região
denominada Oriente Próximo. Inicialmente, a sua localização geográfica a
punha na encruzilhada das grandes e indispensáveis rotas comerciais,
que levaram, na Ásia Menor, do Egito, à Mesopotâmia e à Arábia.
Graças
a isso, experimentou sucessivas invasões dos egípcios, mesopotâmicos,
persas e, por fim, dos romanos, que a destroçaram por largos séculos.
Pelos
acontecimentos históricos que ali tiveram lugar, foi denominada como
“Terra Santa” face às ocorrências bíblicas que lhe deram notoriedade,
unindo fatos e revelações humanas, como espirituais, igualmente por se
tornar o lugar de nascimento de Jesus.
A
Judéia e os hebreus ofereciam todos os requisitos para o sucesso da
missão salvacionista de Jesus. O Velho Testamento sempre considerou o
povo judeu como eleito para o advento do Messias prometido.
Com o nascimento do menino Jesus, há como que uma comunhão direta do céu com a terra.
Esse
é um momento especial de sua missão ininterrupta. Nasce e cresce no
seio de um povo e de uma raça que sempre se caracterizou pela crença no
Deus único e que já havia merecido a presença de adiantados Espíritos
preocupados em reafirmar ao povo antigas crenças no seu Deus, fé
inabalável, transmitindo-lhe adiantada legislação de ordem moral e civil
e constantes advertências através do profetismo.
Desde
seu aparecimento na Terra, até sua volta aos Páramos Celestes, Jesus, o
Cristo anunciado e esperado durante séculos, ensinou aos homens as leis
de Deus, usando diferentes métodos e formas, mas especialmente através
da exemplificação.
Seu nascimento na manjedoura, nos diz Emmanuel: assinalava o ponto inicial da lição salvadora do Cristo, como a dizer que a humildade representa a chave de todas as virtudes.[1]
Seu crescimento, no seio da família é exemplo de obediência aos pais;
sua sabedoria já é destaque aos doze anos, e aos trinta inicia
publicamente sua missão, que se desenvolve por três anos; e nos momentos
derradeiros dá mostra de submissão aos desígnios do Pai, aceitando uma
crucificação injusta e infamante, como a nos definir que, se quisermos
ressurgir como Espíritos em glória, temos que aceitar o momento difícil e
solitário da crucificação.
Ainda
durante a sua vida terrena, mostra o poder e o amor de Deus, o criador
de todas as coisas, e, que amar ao próximo como a si mesmo é o maior de
todos os mandamentos.
Com
sua autoridade incontestável, mostra o sentido exato das leis divinas,
contrariando usos e costumes do povo hebreu, quando estes não estavam de
acordo com o objetivo maior da vida.
Seu
poder e domínio sobre a matéria visível e sobre os fluidos são
continuamente evidenciados nas mais diferentes curas de cegos
paralíticos e de variadas doenças físicas. Sua hierarquia espiritual é
incontestável ao expulsar demônios (espíritos rebeldes), curar
possessos, e ao impor respeito e autoridade moral a legiões de espíritos
inferiores, maus e perseguidores. Seus métodos de ensino e
transferência de conhecimentos são modernamente conhecidos como os mais
eficazes nos campos psicológico e didático, utiliza o exemplo, a
palavra, os fenômenos e os elementos da natureza. Sua linguagem é
apropriada aos ouvintes e às circunstâncias. A parábola e as
experiências mais conhecidas de todos são continuamente utilizadas em
suas prédicas. Demonstrou que o importante não era vencer no mundo, mas
vencer o mundo. Estar aqui, mas sem ser daqui.
Sua
mensagem, como enviado de Deus, imortalizou-se para beneficiar toda a
Humanidade. Ao contrário dos valores vivenciados pelos homens, sua força
extraordinária é constituída pela bondade, pela humildade, pela
paciência , pelo amor e pela fé absoluta no Poder Supremo.
Em
lugar de amigos poderosos, recrutou homens simples, sinceros e
humildes, com os quais contou para universalizar sua mensagem. Assim
continua a falar, através do seu Evangelho de amor, aos discípulos de
ontem e de hoje, aos mansos, aos que têm puro o coração, aos
misericordiosos e aos pacificadores.
Para
a generalidade dos estudiosos, o Cristo permanece tão somente situado
na história, modificando o curso dos acontecimentos políticos do mundo;
para a maioria dos teólogos, é simples objeto de estudo, nas letras
sagradas, imprimindo novo rumo às interpretações da fé; para os
filósofos, é o centro de polêmicas infindáveis; e para a multidão dos
crentes inertes, é o benfeitor providencial nas crises inquietantes da
vida comum
Todavia,
quando o homem percebe a grandeza da “Boa Nova”, compreende que o
Mestre não é apenas o legislador da crença, o reformador da civilização,
o condutor do raciocínio ou o doador de facilidades terrestres, mas
também, acima de tudo, o renovador da vida de cada um..
Livro: Apostila do Curso de Espiritismo e Evangelho
Centro Espírita Amor e Caridade - Goiânia – GO - 1997
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