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terça-feira, 13 de novembro de 2012

Nos bastidores de uma Reunião Espírita

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Opiniões


Distraídas da vida

"Quem sou eu? Qual o sentido da existência? Que papel eu desempenho nela?"

Premidas pelas urgências da vida prática, ou fascinadas pelas distrações que o mundo oferece, as pessoas costumam colocar essas perguntas de lado em seu atarefado dia a dia.

Simplesmente as descartam ou adiam, à espera de um "depois" que, muitas vezes, nunca chega. Foram, no entanto, perguntas desse tipo que impulsionaram a filosofia desde antes dos gregos.

E, diante de uma grande crise ou de uma imprevista guinada na trajetória existencial, são elas que irrompem na tela da consciência, cobrando a atenção que merecem.

Historiobiografia

Essas perguntas estão no centro das preocupações da professora Dulce Critelli, do Departamento de Filosofia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, que acaba de lançar um livro sobre o assunto. Com poucas páginas e leitura fluente, mas conteúdo denso e longamente elaborado, o livro História pessoal e sentido da vida apresenta o fundamento filosófico do método terapêutico-educativo desenvolvido pela autora, que ela chama de "historiobiografia".

A professora Dulce emprega esse método tanto em sessões individuais de aconselhamento como em reuniões de grupo nas quais os participantes são direcionados e instrumentalizados para refletir sobre suas autobiografias e compreendê-las.

Questões filosóficas

"Descobri que muitos de nossos problemas decorrem menos de fatores psicológicos do que filosóficos. Não são os traumas, mas uma incompreensão do sentido da vida que os originam", afirmou.

"Nessa perspectiva, a filosofia pode ser uma ferramenta fundamental. Quando pensamos, transformamos nossas crenças e, consequentemente, nosso modo de viver. A filosofia não é clínica, mas possui uma inequívoca força terapêutica, que reside naquilo que propriamente a caracteriza: sua estrutura reflexiva.

"Toda reflexão é um exercício de entendimento que retira os eventos de seu ocultamento (que vai do mero desconhecimento às interpretações corriqueiras) e os lança à luz", disse.

Filosofia da existência

Essa estrutura reflexiva é o traço comum de toda atividade filosófica. Mas a autora se pauta por uma escola filosófica específica, a da chamada "filosofia da existência", desenvolvida por Martin Heidegger (1889-1976) e Hannah Arendt (1906-1975).

O livro de Dulce é fortemente calcado no pensamento de Heidegger e, mais ainda, no de Arendt, profusamente citado ao longo do texto. Segundo Arendt, os eventos da vida precisam ser arranjados em uma história para podermos lidar com eles. Como a pensadora muitas vezes afirmou, citando uma frase da escritora dinamarquesa Karen Blixen (que escreveu sob o pseudônimo de Isak Dinesen): "Todas as mágoas são suportáveis quando fazemos delas uma história ou contamos uma história a seu respeito".

É essa ideia que fundamenta a "historiobiografia" e constitui o tema central da história pessoal e do sentido da vida.

"Nossa existência pessoal não é um conjunto desconexo de eventos. Seu sentido se articula nas histórias que, consciente ou inconscientemente, contamos para nós mesmos. E, quando percebemos o fio de nossa existência, tornamo-nos muito mais disponíveis para fazer transformações. Descobrindo o padrão, descobrimos também o potencial de ação", falou.

A linguagem que molda o mundo

Segundo Dulce, o padrão existencial se apoia em frases que as pessoas ouvem de outras ou que, acriticamente, dizem para si mesmas. Ela chama essas frases de "relatos".

São afirmações curtas e fragmentadas, muitas vezes aprendidas na infância, e repetidas ao longo da vida. Perpetuando-se pela repetição, perpetuam também, como se fosse fatalidade, um determinado modo de ser. Frequentemente os indivíduos se sentem prisioneiros desses padrões que eles mesmos ajudaram a criar. Quando trazem tais "relatos" para a luz da consciência e os submetem ao crivo da reflexão crítica, começam a se libertar de seu poder paralisante. E colocam ou recolocam suas vidas em movimento.

"Temos a ilusão de que moramos em um mundo significativo em si e por si mesmo. Mas, em si mesmo, o mundo é pura coisa. É nossa linguagem que o transforma em um mundo. Habitar o mundo é habitar a linguagem", sublinhou Dulce.

Trata-se, então, de substituir os relatos acríticos e fragmentários que povoam a linguagem vulgar por uma história pessoal construída a partir da reflexão. A expectativa é que, ao se apoderar dessa história, o indivíduo simultaneamente se empodere. E deixe de ser vítima de uma imaginária fatalidade para se tornar senhor de si mesmo.

O livro História pessoal e sentido da vida, de Dulce Critelli, foi publicado pela Editora da PUC-SP. Mais informações podem ser obtidas no endereço www.pucsp.br/educ.

Fonte: Diário da saúde

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Dia de finados e os espiritas


Dia de Finados: Data em que muitos visitam os cemitérios para prestar homenagens aos seus entes desencarnados. É interessante discorrer sobre questionamentos com os quais, de vez em quando, somos questionados por conhecidos, curiosos ou interessados em se iniciar nos assuntos relativos à espiritualidade...
De vez em quando alguém pergunta "por que o espírita não vai ao cemitério" (no dia de finados, mais especificamente). Cabe aqui, portanto, um esclarecimento útil.

Primeiro: - Nenhum espírita, em virtude de ideologia religiosa ou limitação de qualquer tipo imposta pela doutrina, "não pode" ir ao cemitério em qualquer época. Efetivamente, conheço muitos, simpatizantes ou espiritualistas convictos, que narram suas visitas a túmulos de parentes ou conhecidos.

Segundo: - O que ocorre mais amiúde é que, detendo o espírita a tranquila convicção de que seu ente querido não mais se demora por estas bandas, tendo demandado estâncias outras, mais ricas de vida, guarda a consciência clara de que tudo o que ficou na sepultura foi a "roupagem gasta", e não mais, portanto, a pessoa com quem compartilhou experiências e afeto.

Terceiro: - Isto não implica em que o espírita sincero condene ou critique o posicionamento dos demais semelhantes que, de todo o coração, prestam com sinceridade as suas homenagens aos seus afeiçoados que se anteciparam na viagem deste para o outro lado da vida. Aliás, reza no próprio conhecimento da doutrina que muitos desencarnados visitam, efetivamente, os cemitérios por ocasião da data, em consideração às demonstração de amor com que ali são distinguidos. E muitos outros, ainda, afeitos aos costumes dentro dos quais desenvolveram suas experiências na matéria, conferem ainda muita importância a este gesto, ressentindo-se, de fato, daqueles que não o prestem nas datas de molde a serem lembrados.

Vistas estas considerações, é sensata a conclusão de que jamais cabe padrão algum de conduta no que toca ao sagrado universo íntimo humano. Cada agrupamento familiar terreno é único e peculiar, e ninguém melhor do que os seus componentes para estarem inteirados do que atinge ou não atinge mais de perto a cada um; o que convém ou o que não convém em matéria de sentimento e dedicação, cujos estágios e características se multiplicam ao infinito correspondente do número de habitantes do vasto universo humano.

Efetivamente, somos do lado de "lá" o que fomos aqui. É dever básico não só do espírita, quanto de qualquer pessoa que se diga civilizada, respeitar a diversidade dos caminhos escolhidos que, destarte, haverão de conduzir a cada ser, no tempo certo, ao mesmo ponto de encontro comum na intimidade das luzes divinas.

Questão de temperamento, de agrupamento humano, de fé e de hábitos, o ir ou não ir ao cemitério, de vez que é na sinceridade do gesto e não no gesto em si que se vislumbra a verdadeira homenagem aos desencarnados, de forma que, amor pelos mesmos, podemos dirigir-lhes tanto do recesso abençoado do nosso recanto de meditação no lar, quanto do ambiente de qualquer templo religioso, ou ainda diariamente, no movimento tumultuado das ruas ou também no cemitério, a qualquer dia do ano.

De forma que aqueles que partiram nos amando de todo o coração haverão de valorizar e entender a nossa melhor intenção ao seu respeito, seja de onde for que se irradie, colhendo-os de pronto, pela linguagem instantânea do coração e do pensamento. Os que foram afeitos aos hábitos costumeiros do dia de finados, na medida de suas possibilidades espirituais após a transição lá estarão, junto à sepultura física, colhendo com sincera afeição os votos de paz e as preces que lhes estejam sendo dirigidas.

Os provenientes dos lares espiritualistas na Terra receberão as mesmas demonstrações de amor a qualquer tempo, em qualquer data que faça emergir naqueles que ficaram para trás no aprendizado físico as gratas lembranças com que são evocados.

O importante é que espíritas e não-espíritas têm em comum, em relação aos seus amados que já se foram, à qualquer época, a linguagem inconfundível do amor entre as almas. Enxerguemos acima dos horizontes das limitações de visão humanas para alcançarmos com clareza a compreensão de que é assunto individual a forma como celebramos o nosso afeto para com os nossos entes queridos, e que o fator da sinceridade e da intenção é o que de fato conta, na certeza de que nossas preces e votos de paz serão bem recebidos por aqueles que prosseguem nos amando de igual forma na continuidade pura e simples da vida, que a todos aguarda para além das portas da sepultura, sob as bênçãos de Jesus. 

Fonte:www.forumespirita.net