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sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

SUICÍDIOS NA EUROPA – ALGUNS APONTAMENTOS ESPÍRITAS

A Grécia tem sido notabilizada ao longo dos séculos como um dos berços da civilização ocidental. Aos gregos são atribuídas realizações legendárias nas áreas da filosofia, das artes plásticas, do teatro, da política, da gastronomia e da organização de cidades. Entre as maiores contribuições está a mitologia. E as mais conhecidas e notórias narrativas mitológicas estão contidas nas duas grandes obras de Homero – “A Ilíada” e “A Odisséia”. Alguns dos expoentes gregos como Sócrates, Platão, Aristóteles, Péricles e Sólon (entre muitos) são considerados patrimônio eterno da sabedoria humana.
Os milênios esvaíram-se nos labirintos dos anos. Hoje a Grécia atravessa momentos de flagelo econômico, com drásticas consequências psicossociais. Ondas de suicídios adensam a psicosfera grega. Nos cinco primeiros meses de 2011 houve um aumento de 40% nos suicídios na república helênica, em semelhança a período homólogo, conforme dados do Ministério da Saúde. Sob o ponto de vista sociológico, o suicídio é um ato que se produz no marco de situações anômicas(1), em que os indivíduos se vêem forçados a tirar a própria vida para evitar conflitos ou tensões inter-humanas, para eles insuportáveis. 
O pensador Émile Durkheim teoriza que a "causa do suicídio, quase sempre, é de raiz social, ou seja, o ser individual é abatido pelo ser social. Absorvido pelos valores [sem valor], como o consumismo, a busca do prazer imediato, a competitividade, a necessidade de não ser um perdedor, de ser o melhor, de não falhar, o jovem se afasta de si mesmo e de sua natureza.
Segundo avaliação dos estudiosos, alguns países do Velho Continente precisam de um plano nacional para a prevenção de suicídios, pois é assustador o número de mortes auto-infligidas. A taxa de autocídio aumentou em toda a Europa desde o início da crise financeira em 2008, e de acordo com um estudo recente do jornal médico britânico The Lancet, a Grécia é um dos países que sofreu o maior impacto da crise.

Na França, como se não bastasse o preocupante “Dia nacional de prevenção ao suicídio”, a Justiça francesa está investigando a onda de suicídios na operadora de telefonia France Telecom. Nos últimos anos, 46 funcionários da companhia se mataram – 11 deles apenas em 2010, segundo dados da direção da empresa e dos sindicatos.
Até mesmo no Novo Mundo, nos EUA, a Universidade de Cornell, no estado de Nova York, lançou recentemente uma campanha de prevenção ao suicídio. A Universidade já carrega há muito tempo a fama negativa de ser uma escola marcada por suicídios. Entre 2000 e 2005 houve 10 casos de suicídio confirmados nessa instituição.
O suicídio é um ato exclusivamente humano e está presente em todas as culturas. Os nexos causais são numerosos e complexos. Os determinantes do suicídio patológico estão nas inquietações mentais, desesperanças, tristezas, desequilíbrios emocionais, delírios crônicos etc.
Existem os processos depressivos, em que há perda de energia vital no organismo, desvitalizando-o e, consequentemente, interferindo em todo o mecanismo imunológico do indivíduo. O suicida é, especialmente, um deprimido, e a depressão é a doença da modernidade. A religião, a moral e todas as filosofias condenam o suicídio como contrário às leis da Natureza. Todas asseveram que ninguém tem o direito de abreviar, voluntariamente, a vida. Por que não se tem esse direito?
Ao Espiritismo estava reservado comprovar, pelo exemplo dos que sucumbiram, que o suicídio não é uma falta somente por constituir infração de uma lei moral – consideração essa de pouco peso para certos indivíduos – mas também um ato estúpido, pois que nada ganha quem o pratica. A Doutrina dos Espíritos adverte: o suicida, além de sofrer no plano espiritual as dolorosas consequências de seu gesto extremo, de revolta diante das leis da vida, ainda renascerá com todas as sequelas físicas daí resultantes, e terá que arrostar, novamente, a mesma situação provacional que a sua flácida fé e distanciamento de Deus não lhe permitiram o êxito existencial.
A rigor, não existe pessoa "fraca" a ponto de não suportar um problema, por julgá-lo superior às suas forças. O que de fato ocorre é que essa criatura não sabe como mobilizar a sua vontade própria e enfrentar os desafios. Na Terra, é preciso ter calma para viver, até porque não há tormentos e problemas que durem uma eternidade. Recordemos que Jesus nos assegurou que "O Pai não dá fardos mais pesados que nossos ombros" e "aquele que perseverar até o fim, será salvo”.(2)
Situação grave que merece ser avaliada é a obsessão. Há suicídios que se afiguram como verdadeiros assassinatos, cometidos por perseguidores desencarnados (e encarnados também). Esses seres envolvem de tal forma a vítima que a induzem a se matar. Obviamente que o suicida nesse caso não estará isento de responsabilidade, porque um obsessor não obriga ninguém ao suicídio. Ele sugere telepaticamente o ato, porém a decisão será sempre de quem o pratica.
Refletindo sobre a grave questão em "O Livro dos Espíritos", Kardec indaga aos Espíritos: “que pensar do suicídio que tem por causa o desgosto da vida?”. Os Benfeitores da Codificação Espírita redarguiram: "Insensatos! Por que não trabalhavam? A existência não lhes seria uma carga!"(3); “A vida na Terra foi dada como prova e expiação, e depende do próprio homem lutar, com todas as forças, para ser feliz o quanto puder, amenizando as suas dores”.(4)
 

Jorge Hessen

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