Total de visualizações de página

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

MEMÓRIAS DE UM TOXICÔMANO

Até o momento de redigir esta apresentação, confesso, não havia me dado conta da riqueza da experiência vivida com Tiago.
Espírita desde infância, desde cedo estou envolvido nos trabalhos, inicialmente assistenciais e, posteriormente, doutrinários. O exemplo de meus pais tem sido a bússola que guia os meus passos nessa seara.
Na década de 1990, quando judiciava na Comarca de Carmo de Minas, primeira que me abrigou como Juiz de Direito, tive minha primeira experiência no trabalho de prevenção contra as drogas. Com o auxílio de diversos cidadãos da comunidade local, da então Promotora de Justiça daquela Comarca, Dra. Regina Capelli Pinto, e velando-me da coordenação de minha esposa, Rosa Maria, companheira de todos os momentos, iniciou-se um trabalho envolvendo professores e alunos dos três municípios que integravam aquela Comarca: Carmo de Minas, Soledade de Minas e Dom Viçoso. Foram ministradas palestras para os professores e realizando um concurso com os alunos.
Foi uma grande experiência para os envolvidos. Todos aprenderam muito, inclusive eu. Antes, em Poços de Caldas, já havia tido uma experiência no RENASCER – Centro de Tratamento de Dependentes Químicos, mas só depois da experiência vivida em Carmo de Minas percebi a extensão da magnitude do problema. Constatei que droga não é uma questão somente do dependente químico, mas de seus familiares, amigos, colegas de escola e trabalho, além de toda a comunidade. Todos sofrem na nefasta influência das drogas.
Hoje, ao refletir sobre minha experiência com Tiago, tive a nítida impressão de que ela se iniciou com aquele movimento. A partir daquele momento me interessei pelo assunto, busquei informações, estudei e adquiri um aprendizado que me facilitou o recebimento dos textos psicografados sobre o tema.
Em abril de 1998, aportei, acompanhado de minha família, na Comarca de Espinosa, região norte de Minas Gerais, de onde também guardo grata lembrança. Conseguimos reunir um grupo que ficou conhecido na comunidade como Comissão Pró-Vida. Foi novamente dirigido por minha mulher e composto de professores, representantes de diversas religiões, profissionais liberais, empresários e outros cidadãos. A droga era o objetivo, mas que foi trabalhado por etapas. Em uma primeira fase, a Comissão abordou o tema família. Foram ministradas palestras para professores, pais e alunos, inclusive na zona rural, envolvendo os municípios de Espinosa e Mamonas. Foram formados grupos que atendiam, em domicílio, casos especiais de alunos que eram indicados pelos professores em razão de problemas de convivência demonstrados em sala de aula.
Essa etapa durou cerca de um ano e, posteriormente, iniciou-se uma segunda etapa, com a mesma forma de atuação sobre “Cidadania”.
Foi exatamente nessa época que tive meu primeiro contato com psicografia. De início, a experiência foi bastante difícil, principalmente porque me trazia muitas dúvidas e insgurança.
Mesmo a distância, por telefone e e-mail, fui recebendo orientações do Dr. Reynaldo Leite, pessoa de saudosa memória, a quem sou muito grato.
Quando em Espinosa, recebo muitas mensagens e orientações. Mas, quando me transferi para Muzambinho, na região sul de Minas Gerais, em janeiro de 2001, é que a minha atuação na psicografia tomou maior vulto. Muitas foram as mensagens recebidas e muitas orientações quem me auxiliaram na realização de palestras.
Na manhã de 15 de maio, depois da oração e do estudo, uma surpresa. Recebi o primeiro capítulo de que me pareceu ser um livro. Nascia, ali, o Memórias de um Toxicômano. Somente alguns dias depois vim tomar o conhecimento do nome do autor espiritual, por meio do texto do próprio livro.
Identifiquei-me prontamente com a história e, em especial, com os personagens de Tiago e Karina. Em cada capítulo era uma emoção diferente. Não tenho consciência de ter estado nos lugares indicados na história, mas tenho-os, em detalhes, em minha memória. Ri e chorei várias vezes. Emocionava-me como se tudo estivesse acontecendo no exato momento em que a narrativa se materializava no papel. Procurava-me conter, pois sabia que não poderia interferir na história. Assim, quando terminava o trabalho de psicografia, procurava não pensar no que havia escrtio para que não tentasse adiantar, por mim mesmo, a continuidade do texto. A oração era o meu refúgio mais seguro.
Foram dias e doce lembrança, que culminaram em 10 de julho de 2001, quando se concluíram os trabalhos de psicografia deste livro. Naquele período de convivência quase diária, aprendi a identificar a presença e a manifestação de Tiago, embora não o tivesse visto. Sua presença me é sempre muito agradável. Ele traz característica da juventude, com muita energia e vontade de mudar o mundo. A diferença é que Tiago já aprendeu que só poderá transformar o mundo modificando a si mesmo.
Depois de digitado, entreguei o texto para duas pessoas estudiosas na Doutrina Espírita para que me ajudassem a fazer uma séria avaliação sobre o conteúdo e a viabilidade de sua publicação. O Dr. Reynaldo Leite e o senhor Djalma Ferreira, passado alguns meses, me trouxeram seus pareceres, ambos na mesma semana e favoráveis à sua publicação.
Terminada a psicografia do livro, tive a oportunidade de perceber, não raro, a presença de Tiago, nas sessões de estudo, em minha casa, e quando me encontrava na casa espírita. Sempre me foi e me é uma presença bastante agradável, que me transmite realização, vontade de crescer e aprender.
Depois de alguns meses, em uma manhã cuja data não me recordo, tive o primeiro contato visual com Tiago. São raras as ocasiões em que me é permitido visualizar o Mundo Espiritual. Havia terminado o estudo e fazia uma oração para iniciar a psicografia, caso houvesse mensagem a ser recebida. Percebi adentrar na sala um garoto com aparência de 17 ou 18 anos, magro, de estatura mediana para alta, pele e cabelos claros e um lenço na cabeça, hoje conhecido como bandana, fixado de forma bastante peculiar. Admirava seu belo sorriso, quando ouvi: “ Este é Tiago”. Confesso quem me surpreendi, porque o havia imaginado com muitas aparências , mas nenhuma delas seque parecida com a visão daquele momento. A visão foi sequer parecida com a visão daquele momento. A visão foi rápida, mas até hoje a trago no coração por ter sido a primeira.
No início de 2003, tive uma experiência que muito me emocionou. Era fim de tarde e início da noite de um domingo, quando me reuni com a família, mulher e filhos, no escritório de minha casa, para que juntos proferíssemos uma oração. Como de costume, lemos uma página edificante e minha esposa fez a oração. Naquele momento, me foi permitida a visão do Plano Espiritual, de forma que jamais vou esquecer.
Na minha frente, estavam reunidos diversos espíritos amigos e familiares desencarnados. Entre eles, pela primeira vez, tive a grata oportunidade de visualizar a presença de meu pai e de minha avó paterna. Foi um momento de grande emoção.
Percebi que à minha esquerda também se encontravam, muitos espíritos, todos de maneira respeitosa e acompanhando a oração. À minha direita, estavam muitos jovens e uma mesa, sobre a qual havia muitos livros. Prestei atenção neles e constatei que todos eram exemplares deste livro: Memórias de um Toxicômano. Só depois vislumbrei que Tiago estava entre os jovens. Ele se aproximou de mim, com lágrimas nos olhos, e me deu um forte abraço. Mostrou-me um exemplar e disse-me que havíamos conseguido. Afirmou, ainda, que, na Espiritualidade, o livro já havia sido editado e estava beneficiando a muitos. A emoção daquele momento está guardada até hoje em minha memória. Abraçamo-nos, choramos muito e fizemos uma oração de agradecimento.
Quando retomei a consciência no corpo, percebi que minha mulher terminara a oração e todos choravam. A emoção havia tomado conta dela e de meus filhos, mesmo que não tivessem tido a oportunidade de presenciar a cena.
Para complementar a obra, a Editora Mundo Maior resolveu publicar o livro, que, agora, está em sua terceira edição. Espero, de coração, que ele seja bastante útil e proveitoso para estudo e compreensão do problema das drogas.
Nele o leitor vai verificar a existência de alguns termos que normalmente são utilizados entre os usuários. A importância de se manter o texto desta forma é preservar sua originalidade e proporcionar uma exata visão da realidade do ambiente vivido por nossos irmãozinhos toxicômanos.
Ao iniciar a leitura, mergulhará em um rio de dor e sofrimento, mas também em um mar de amor, carinho e solidariedade, mantido pelos seareiros do Mestre. Terá certeza de que o Amor e a presença de Deus estão em todos os lugares e podem resgatar a todas as criaturas.
Se a leitura deste livro for capaz de retirar uma só pessoa do mundo das drogas, ou orientar um só pai a conduzir seu filho que estiver trilhando esse caminho, seu objetivo terá sido conquistado.
Muito obrigado pela atenção e que Jesus abençoe a todos.

Marcos Alberto Ferreia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário