A conquista da felicidade passa necessariamente pelos valores espirituais. Seres humanos
são muito mais que máquinas,
mais que simplesmente matéria. O ser humano é dotado
de sentimento e experiência. Para que as vantagens materiais à nossa disposição
possam nos trazer benefícios, necessitamos cultivar a afeição humana ou compaixão.
O primeiro fator de espiritualidade necessário à felicidade de uma pessoa em qualquer lugar,
é a fé em uma das muitas religiões existentes no mundo. Ensinamentos religiosos devem ser
integrados às nossas vidas, de tal forma que ao precisarmos deles, ao pedirmos bênçãos e
amparo, fortaleza nas dificuldades, eles estejam lá. Por que fazem parte do nosso viver.
Sem prática, eles ficarão estéreis, isto é, sem a experienciação profunda dos significados e
valores espirituais.
A interação entre as várias religiões do mundo é o segundo fator. No mundo atual por causa
das crescentes mudanças da tecnologia e a natureza da economia, necessitamos muito mais
uns dos outros. O aceitar as diferentes religiões e o respeito mútuo entre elas, através do
contato umas com as outras, tornarão possível a sua eficácia em beneficiar a humanidade.
Afora todas as diferenças de interpretação, começarmos a compreender que a situação atual
é inteiramente nova, diferente do passado.
Não estamos mais isolados, somos interdependentes. portanto, é muito importante
entender que um relacionamento íntimo entre as várias religiões é essencial, para que
diferentes grupos religiosos possam trabalhar juntos e realizar um esforço comum para
o benefício da humanidade. Sinceridade e fé, tolerância e cooperação religiosa formam
este primeiro nível do valor da prática espiritual para a humanidade.
A compaixão como religião universal é mais importante que o primeiro fator de espiritualidade,
pois, sem o amor, mesmo as religiões podem tornar-se destrutivas. Portanto a essência da religião
é o bom coração. Considero a afeição humana ou compaixão, a religião universal.
Compaixão verdadeira baseia-se nos direitos do outro, independente de ser ele amigo ou inimigo.
É possível ter compaixão sem apego assim como é possível ter cólera sem ódio. É preciso
compreender as diferenças entre tais sentimentos. Considero esses valores espirituais como
essenciais para a felicidade dos seres humanos, tanto dos crentes como dos não-crentes.
Embasado no texto do mesmo título, de Dalai Lama.
alice martins - JORNAL "O TEMPO" - MG.
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