Para ser bom é necessário saberPor Carlos Bernardo González Pecotche (Raumsol)
Muitas vezes foi dito que é necessário ser bom e que há que fazer o bem. Isto foi repetido de várias formas e em todas as partes; mas sempre ocorreu que, após serem escutadas estas palavras, não se teve um conceito claro do que elas significam, nem de como realizar o que recomendam.
Tão prontamente como nasce o propósito de ser bom, o sensato seria formular-se estas perguntas: "Dizem-me que devo ser bom e esse é meu desejo, mas, que devo fazer para conseguir? De que forma devo proceder? Com que meios conto?" O mesmo quando se trata de fazer o bem: "Que devo fazer? De que forma? Com que meios?"
Poderiam sobrevir depois outras indagações: "Como comprovarei que sou melhor a cada dia? Que fatos o demonstrarão? Como comprovarei que fiz o bem? Através de que fatos poderei confirmá-lo?"
Uma longa série de perguntas poderia seguir às anteriores, mas se não se conta mais do que com o propósito de ser bom, isso não bastará para concretizar uma compreensão de cada pergunta formulada. Passarão depois dias, meses, anos, épocas, quiçá, e aquelas exortações de ser melhor e de fazer o bem serão relegadas ao esquecimento pela mente, continuando na posição da maioria, que fazo bem inconscientemente, seja a si mesmos, seja aos seus semelhantes, isto é, sem ter consciência real de que na verdade são melhores ou de que fazem o bem.
Todos têm um passado e um presente que conhecem; mas também têm um futuro que não conhecem. Durante sua vida o ser vai criando um futuro, que é resultado da forma como viveu seu passado e seu presente; daí que, analisando estes dois períodos de tempo, não fique difícil predizer o que poderia acontecer no futuro, porquanto as predições estão baseadas sempre no conhecimento do passado.
O conhecimento permite saber como se proteger
contra os males do futuro
Mas o certo é que, assim como se leva em conta as coisas boas que se fez, também há Quem as leva a respeito de todo o mal. Estas últimas são dívidas que, inexoravelmente, mais tempo, menos tempo, terão que se pagar.
Assim, quando ocorre um contratempo, quando tem lugar o que cada um considera um mal ou uma desgraça, é atribuído à fatalidade, à má sorte, ao destino; enfim, a muitas coisas, sem que jamais assome na mente humana o pensamento que aponte a própria culpabilidade ou o próprio causador desse mal, que é a própria pessoa.
Pois bem; é completamente lógico que se tenham cometido muitos erros ou se tenha feito tanto mal; mas isto não deve ser motivo de pesar algum, quando no presente se tem a oportunidade de possuir o conhecimento, que permite saber como o ser pode proteger-se contra os males do futuro, pois já se tem algo que pode encher o coração humano de alegria sã e verdadeira.
De posse do conhecimento causal se lavra, pois, um porvir; se forja um futuro, que já não é incerto para a vida de quem está vigiando constantemente todos seus atos, seus pensamentos e suas palavras, a fim de que estes não promovam mais danos do que os que promoveram nos tempos em que não se era capaz de ser consciente desses mesmos atos, pensamentos e palavras.
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