Parece que eles incorporaram, de fato, o espírito do educador francês Hyppolite Léon Denizard Rivail, mais conhecido como Allan Kardec, o codificador da doutrina espírita.
Carlos Ferreira criou o roteiro e Rodrigo Rosa as ilustrações do livro "Kardec" (144 páginas, R$ 34,90), uma ficção biográfica em quadrinhos lançado pela editora Barba Negra.
Em preto e branco, a obra reconstitui a época em que Kardec viveu, na França, em pleno século XIX e retrata os conflitos e a conversão do educador - um intelectual respeitado e de raciocínio cartesiano -, em pesquisador incansável do espiritismo. O prefácio é de Marcel Souto Maior, autor de "As Vidas de Chico Xavier".
Em "Kardec", texto e ilustrações remetem o leitor aos primórdios do movimento espírita na França, período em que as ideias metafísicas borbulhavam, as "mesas girantes" eram um fenômeno comum nas reuniões mediúnicas e os objetos se moviam.
Kardec relutou, mas acabou fisgado por essas manifestações que transformaram definitivamente a sua trajetória. A princípio reticente e incrédulo, ele foi arrebatado pela força dos fenômenos sobrenaturais que o levaram a se debruçar sobre a vida após a morte e a deixar um legado que se tornou um tratado espírita.
Carlos Ferreira, um agnóstico confesso, e Rodrigo Rosa, um interessado pela vertente filosófica, conseguem captar essas nuances e propõem ao leitor uma releitura de um tempo de profunda imersão existencial, questionamentos, dúvidas e respostas sobre a comunicação com o mundo espiritual que acena com a imortalidade da alma.
Carlos Ferreira criou o roteiro e Rodrigo Rosa as ilustrações do livro "Kardec" (144 páginas, R$ 34,90), uma ficção biográfica em quadrinhos lançado pela editora Barba Negra.
Em preto e branco, a obra reconstitui a época em que Kardec viveu, na França, em pleno século XIX e retrata os conflitos e a conversão do educador - um intelectual respeitado e de raciocínio cartesiano -, em pesquisador incansável do espiritismo. O prefácio é de Marcel Souto Maior, autor de "As Vidas de Chico Xavier".
Em "Kardec", texto e ilustrações remetem o leitor aos primórdios do movimento espírita na França, período em que as ideias metafísicas borbulhavam, as "mesas girantes" eram um fenômeno comum nas reuniões mediúnicas e os objetos se moviam.
Kardec relutou, mas acabou fisgado por essas manifestações que transformaram definitivamente a sua trajetória. A princípio reticente e incrédulo, ele foi arrebatado pela força dos fenômenos sobrenaturais que o levaram a se debruçar sobre a vida após a morte e a deixar um legado que se tornou um tratado espírita.
Carlos Ferreira, um agnóstico confesso, e Rodrigo Rosa, um interessado pela vertente filosófica, conseguem captar essas nuances e propõem ao leitor uma releitura de um tempo de profunda imersão existencial, questionamentos, dúvidas e respostas sobre a comunicação com o mundo espiritual que acena com a imortalidade da alma.
Mini entrevista com Roterista
Carlos Ferreira
"A linha narrativa do livro é: aprenda, questione, investigue e experimente".
Como nasceu o livro Kardec?Passei anos lendo sobre o século XIX sem nenhum objetivo aparente, só vontade de viajar no tempo e ser absorvido pelas ideias e culturas peculiares. Eu queria sentir, ler sobre a atmosfera e as filosofias das mudanças dessa época de guinada no desenvolvimento da história humana. Ideias como a teoria das espécies, os avanços da eletricidade, mágicos, ocultistas e as novas religiões. Pesquisando sobre Arthur Conan Doyle (autor de "Sherlock Holmes" e também espírita) eu cheguei em Allan Kardec. Para mim, foi como a volta ao umbigo, pois a minha mãe é médium praticante em um centro espiritualista umbandista - Cavalheiros de São Jorge. Com as primeiras leituras sobre as mesas girantes, eu tive a certeza que era essa a história que eu queria escrever sobre o século XIX. Eu queria escrever sobre a origem de Allan Kardec.
Como foi o seu processo de escrita?O processo foi uma jornada única, difícil e prazerosa. Li mais de 30 livros, pesquisei na internet, conversei com poucos espíritas. Não, eu não sou espírita, sou agnóstico e aberto a todas as possibilidades de existências e teorias sobre a vida e o universo. Mas não de uma forma religiosa, pois sou artista e acredito que a arte dá sustento a todas as religiões e talvez as religiões sejam formas de interpretações das artes. Já vivenciei fenômenos sobre-humanos.
Qual foi a sua intenção ao resgatar a trajetória do pai da doutrina espírita?Antes de mais nada, foi contar uma boa história, mas também que vivemos em um universo cheio de nuances, com um mundo invisível muito forte que se comunica com todos, pois cada um é esse universo. Não importa o tempo, vida e morte, importa a rede evolutiva de um ser único. Somos todos uma coisa só: um bebê prestes a acordar, mas parece que a nossa preferência é ainda dormir. Acho que a linha narrativa do livro é: aprenda, questione, investigue e experimente.
Que sentimento você gostaria de despertar no leitor?De despertar. Há uma vida verdadeira lá fora. Extensa e que necessita da prática de cada um de nós. O conflito contado é universal, afinal, o que somos? Conheça a ti mesmo. Durante a (feira) Rio Comic Con, o livro foi bastante procurado e o terceiro mais vendido.
Como foi o seu processo de escrita?O processo foi uma jornada única, difícil e prazerosa. Li mais de 30 livros, pesquisei na internet, conversei com poucos espíritas. Não, eu não sou espírita, sou agnóstico e aberto a todas as possibilidades de existências e teorias sobre a vida e o universo. Mas não de uma forma religiosa, pois sou artista e acredito que a arte dá sustento a todas as religiões e talvez as religiões sejam formas de interpretações das artes. Já vivenciei fenômenos sobre-humanos.
Qual foi a sua intenção ao resgatar a trajetória do pai da doutrina espírita?Antes de mais nada, foi contar uma boa história, mas também que vivemos em um universo cheio de nuances, com um mundo invisível muito forte que se comunica com todos, pois cada um é esse universo. Não importa o tempo, vida e morte, importa a rede evolutiva de um ser único. Somos todos uma coisa só: um bebê prestes a acordar, mas parece que a nossa preferência é ainda dormir. Acho que a linha narrativa do livro é: aprenda, questione, investigue e experimente.
Que sentimento você gostaria de despertar no leitor?De despertar. Há uma vida verdadeira lá fora. Extensa e que necessita da prática de cada um de nós. O conflito contado é universal, afinal, o que somos? Conheça a ti mesmo. Durante a (feira) Rio Comic Con, o livro foi bastante procurado e o terceiro mais vendido.
Mini entrevista com Ilustrador
Rodrigo Rosa
"Uma das coisas mais bacanas no espiritismo é não ser dogmático".
Alan Kardec em quadrinhos. Como nasceu essa ideia?Em 2007 eu voltei de viagem à Espanha, onde soube de um concurso para projetos de "graphic novels" de uma editora de lá. Propus para o Carlos (Ferreira) fazermos uma parceria e, entre outras ideias, ele apresentou o projeto de "Kardec". Desenvolvemos 16 páginas para o concurso, mas não ganhamos. A ideia ficou congelada por um tempo. Em 2009, com o "boom" dos filmes espíritas, surgiu o convite da editora Barba Negra pra retomarmos o projeto.
Como foi o seu processo criativo?Em todo projeto que retrate um momento histórico, o mais difícil é buscar as referências visuais que remontem com fidelidade a época que você vai trabalhar. Então eu passei mais de mês pesquisando na internet, indo a bibliotecas, vendo filmes e comprando livros que registrassem essa Paris de meados do século XIX. Busquei retratar não só as roupas, a arquitetura, os objetos, mas também homenagear alguns vultos históricos importantes que andavam pela França nesse período. Feito isso, o estilo de desenho foi inspirado em fotos do século XIX, ou seja, preto e branco com tons de cinza. Desenhei tudo sobre um papel acinzentado, onde aplicava o preto com nanquim e carvão e o branco com guache.
Qual a sua religião e de que forma ela influenciou ou não a sua criação? Eu fui batizado como católico, mas nunca o fui de fato. Em minha casa há forte influência da doutrina espírita, mas me interesso mais pela vertente científica e filosófica do que pela religiosa. "O Livro dos Espíritos", que fui ler para fazer "Kardec" é fascinante e me fez entender muito sobre o mundo espiritual, algo em que acredito, mas também me despertou muitas dúvidas. Acho que uma das coisas mais bacanas no espiritismo é justamente isso, não ser tão dogmático, permitir a dúvida.
Alguma curiosidade durante o processo de criação? Durante os dias que estava lendo "O Livro dos Espíritos" sonhei com uma amiga distante que também sonhou comigo na mesma noite. Quando estava desenhando as cenas de um druida, abri aleatoriamente um livro extenso de entrevistas do Borges, justo em uma página em que ele recitava poesias celtas (a cultura dos druidas) sobre reencarnação. Coincidência ou o mundo espiritual agindo? Sou mais a segunda hipótese.
Como foi o seu processo criativo?Em todo projeto que retrate um momento histórico, o mais difícil é buscar as referências visuais que remontem com fidelidade a época que você vai trabalhar. Então eu passei mais de mês pesquisando na internet, indo a bibliotecas, vendo filmes e comprando livros que registrassem essa Paris de meados do século XIX. Busquei retratar não só as roupas, a arquitetura, os objetos, mas também homenagear alguns vultos históricos importantes que andavam pela França nesse período. Feito isso, o estilo de desenho foi inspirado em fotos do século XIX, ou seja, preto e branco com tons de cinza. Desenhei tudo sobre um papel acinzentado, onde aplicava o preto com nanquim e carvão e o branco com guache.
Qual a sua religião e de que forma ela influenciou ou não a sua criação? Eu fui batizado como católico, mas nunca o fui de fato. Em minha casa há forte influência da doutrina espírita, mas me interesso mais pela vertente científica e filosófica do que pela religiosa. "O Livro dos Espíritos", que fui ler para fazer "Kardec" é fascinante e me fez entender muito sobre o mundo espiritual, algo em que acredito, mas também me despertou muitas dúvidas. Acho que uma das coisas mais bacanas no espiritismo é justamente isso, não ser tão dogmático, permitir a dúvida.
Alguma curiosidade durante o processo de criação? Durante os dias que estava lendo "O Livro dos Espíritos" sonhei com uma amiga distante que também sonhou comigo na mesma noite. Quando estava desenhando as cenas de um druida, abri aleatoriamente um livro extenso de entrevistas do Borges, justo em uma página em que ele recitava poesias celtas (a cultura dos druidas) sobre reencarnação. Coincidência ou o mundo espiritual agindo? Sou mais a segunda hipótese.
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