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quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

A VERDADE QUE LIBERTA

“Meu reino não é deste mundo. Se fosse, meus ministros se empenhariam em não me entregarem aos judeus. Mas agora meu reino não é daqui.”– Jesus (João,18:36). Estas foram as palavras de Jesus a Poncio Pilatos quando este perguntou ao Mestre se Ele era rei.




Jesus fala nesta passagem do Reino de Deus e, a fim de entendermos a essência desse ensinamento, procuremos compreender o que esta expressão significa: tomemos a expressão Reino de Deus como sinônimo de felicidade plena (conceito espiritual), e felicidade como sendo igual à ausência de problemas (conceito humano).



Todos nós imaginamos que uma vida feliz é uma vida sem dificuldades, sem sustos ou medos. Enfim, uma vida sem preocupações. E isso é tão verdadeiro que costumamos dizer que nossa vida, quando não existem tropeços, é um céu ou um mar de rosas. Por causa desse conceito de felicidade, muitos trabalhadores da seara de Jesus, enganados por ilusões transitórias, afastam-se da vida do mundo passando a viver uma existência contemplativa, esquecendo-se que Jesus fez essa afirmação, mas não se afastou do planeta. Levou até o final a sua missão.



Isto nos faz perceber, claramente, que a vida terrena é de fato cercada de dificuldades e só terá sentido vivê-la se nos conscientizarmos disso. Então, vida planetária e dificuldades caminham juntas. Se assim não fosse, Jesus teria afastado de si todos os obstáculos para que Ele mesmo não sofresse o que sofreu.



Existem, ainda, outros companheiros que acreditam ser a vida na Terra um mar de sofrimentos, e que só serão felizes quando passarem a viver no plano espiritual. Costumam dizer: “Aí sim, vou descansar.” Entretanto, por tudo que aprendemos através de leituras, de palestras ou de cursos, enfim das mais diferentes formas de comunicação, que a vida espiritual não é um rio de mel onde permanecemos em ociosidade, no gozo das benesses divinas, simplesmente pelo fato de não estarmos mais no plano físico. Muito pelo contrário, temos conhecimentos suficientes para saber que seremos lá o que aqui formos e que as benesses divinas virão de acordo com nosso merecimento.



Parece-nos, então, que o nosso conceito de felicidade está errado ou, pelo menos, não estamos entendendo o significado das afirmações de Jesus.



Vamos agora prestar um pouco de atenção à segunda parte da frase: “mas agora meu reino não é daqui”.



Podemos perceber que em momento algum Jesus disse que seu reino não seria na Terra. Ele afirma que, naquele momento pelo qual o planeta passava, seu reino não estava estabelecido. Entretanto, a confiança Dele de que em algum momento isso efetivamente aconteceria, não deixa margem de dúvida ao usar a palavra “agora”. Ele confia nessa mudança através da transformação do Homem, e tanto isso é verdadeiro que permanece nos amparando, curando nossas feridas morais, lembrando-nos que os problemas humanos no planeta são transitórios, apesar das enormes dificuldades que atravessamos.



Isto nos faz entender que a presença do Reino de Deus em nossa vida está ligada à proposta de mudança do nosso ponto de vista em relação à verdadeira realidade, e não à que supostamente imaginamos seja ela. E como poderemos realizá-la?



Podemos, primeiramente, estabelecer o que realmente necessitamos e não o que imaginamos necessitar para sermos felizes. Depois, com base nisso, determinar o que é possível fazer para que essa conquista aconteça - nossos limites e não nossas ilusões deverão nortear essas ações. É necessário não nos esquecermos de que tudo nos é lícito, mas nem tudo nos convém e que é importante conhecermos tudo, mas retermos apenas o bem, conforme nos lembra o Apóstolo Paulo.



Essas atitudes mentais modificantes nos levarão, certamente, a iniciar um maior conhecimento de nós próprios, ou seja, conhecermos a verdade sobre nós. Trata-se, sem dúvida alguma, de uma postura mental difícil de se manter, mas não impossível de se conquistar. Necessitamos para isso de vontade firme e sensibilidade para perceber que a hora da mudança chegou. E, somando-se a isso, não ter medo de fazer o que deve e precisa ser feito.



Estamos cansados de sofrer, de sentir medo, de viver aflitos e, às vezes, desesperançados. É necessário iniciarmos a viagem para dentro de nós mesmos, a fim de que possamos aprender a nos conhecer e, nos conhecendo, aprendermos a nos amar.



Queremos sempre saber o que o outro sente, como pensa e tememos encarar nossos verdadeiros sentimentos, nossos medos, nossos desejos. Passamos grande parte da nossa existência nos culpando por muitas coisas, punindo nosso corpo, tornando-nos infelizes. Por isso Jesus nos disse que conheceríamos a Verdade e que ela nos libertaria. Conheceríamos a verdade sobre nós mesmos e que esse conhecimento nos libertaria das culpas, dos medos, das angústias. Porque quanto mais nos conhecermos mais nos amaremos e, conseqüentemente, também amaremos o nosso próximo e a Deus.



O “amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo” exige de cada um de nós um caminho inverso a ser seguido – de nós para Deus - para atingirmos a felicidade plena e instalar para sempre o Reino de Deus em nossos corações.



O que isso significa? Significa que essa conscientização surgirá quando aprendermos a utilizar as informações recebidas como instrumentos para nossa iluminação.



O Reino de Deus ao qual Jesus se refere como não sendo deste mundo de ilusões materiais, de necessidades vãs, onde o egoísmo e o orgulho têm morada fixa, pertence a todos aqueles que já praticam Seus ensinamentos, que não têm medo de se manterem firmes nessa escolha, concretizando caminhos novos, sonhando sonhos possíveis e tornando-os realidade. O Reino de Deus pertence, sim, a todos aqueles que aceitaram o convite de Jesus de irem até Ele para aliviar suas dores.



Bibliografia

Kardec, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo – Cap. 2



F.C.Xavier/Emmanuel (Espírito) – Pão Nosso – lição 133



 Caminho, Verdade e Vida – lição 85



Oliveira, Wanderley S. / Ermance Dufaux (Espírito) – Mereça Ser Feliz – Cap IV

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