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segunda-feira, 30 de julho de 2012

O MÉDIUM




A mediunidade apresenta variedades quase infinitas, desde as mais vulgares
formas até as mais sublimes manifestações. Nunca é idêntica em dois indivíduos, e
se diversifica segundo os caracteres e os temperamentos. Em um grau superior, é
como uma centelha do céu a dissipar as humanas tristezas e esclarecer as
obscuridades que nos envolvem.

Quanto mais desenvolvidos forem no médium o saber, a inteligência, a moralidade, mais apto se tornará para servir de intermediário às grandes almas do Espaço.



A boa mediunidade se forma lentamente, no estudo calmo, silencioso,
recolhido, longe dos prazeres mundanos e do tumulto das paixões, pois, a mediunidade é uma delicada flor que, para desabrochar, necessita de
acuradas precauções e assíduos cuidados. Exige o método, a paciência, as altas
aspirações, os sentimentos nobres, e, sobretudo, a terna solicitude do bom Espírito
que a envolve em seu amor, em seus fluidos vivificantes.

Assim, é deveras importante para o médium obter a proteção de um Espírito bom, adiantado, que o
guie, inspire e preserve de qualquer perigo.
Na maior parte das vezes é um parente, um amigo desaparecido que
desempenha ao pé dele essas funções. Um pai, uma mãe, uma esposa, um filho, se
adquiriram a experiência e o adiantamento necessários, podem nos
dirigir no
delicado exercício da mediunidade. Mas o seu poder é proporcionado ao grau de
elevação a que chegaram.
Dignos de louvor são os médiuns que, por seu desinteresse e fé profunda,
têm sabido atrair, como uma espécie de aliados, os Espíritos de escol, e participar de
sua missão. Para fazer baixar das excelsas regiões esses Espíritos, para os decidir a
mergulhar em nossa espessa atmosfera, é preciso oferecer-lhes
aptidão, notável qualidade.
Seu ardente desejo de trabalhar na regeneração do gênero humano torna,
entretanto, essa intervenção muito menos rara do que se poderia imaginar. Centenas
de Espíritos superiores pairam acima de nós e dirigem o movimento Espírita,
inspirando os médiuns, projetando sobre os homens de ação as vibrações de sua
vontade, a fulguração do seu próprio gênio.





É aí que se manifesta a ação benéfica e salutar da prece. Pela prece
humilde, breve, fervorosa, a alma se dilata e dá acesso às irradiações do divino foco.A prece, para ser eficaz, não deve ser uma recitação banal, uma fórmula decorada,
senão antes uma solicitação do coração, um ato da vontade, que atrai o fluido
universal, as vibrações do dinamismo divino. Ou deve ainda a alma projetarse,
exteriorizar-se
por um vigoroso surto e, consoante o impulso adquirido, entrar em
comunicação com os mundos etéreos.
Assim, a prece rasga uma vereda fluídica pela qual sobem as almas
humanas e baixam as almas superiores, de tal modo que uma íntima comunhão se
estabeleça entre umas e outras, e o espírito do homem seja iluminado e fortalecido
pelas centelhas e energias despedidas das celestiais esferas.



E muitas vezes, o médium é chamado a exercer suas aptidões em círculos
impregnados de fluidos impuros, de inarmônicas vibrações, que reagem sobre o seu
organismo e lhe produzem desordens e perturbações. Deve perseverar, orar e seguir em frente com fé inabalável!



Dessa forma, o médium colhe o fruto de seus perseverantes
esforços; recebe dos Espíritos elevados à consagração de sua faculdade
amadurecida no santuário de sua alma, ao abrigo das sugestões do orgulho. Se
guarda em seu coração a pureza de ato e de intenção, virá, com a assistência de seus
guias, a se tornar cooperador utilíssimo na obra de regeneração que eles vêm
realizando.



A mediunidade de efeitos físicos é geralmente utilizada por Espíritos de
ordem vulgar. Requer continuo e atento exame. É pela mediunidade de efeitos
intelectuais – inspiração – que habitualmente nos são transmitidos os ensinos
dos Espíritos elevados. Para produzir bons resultados, exige conhecimentos muito
extensos. Quanto mais instruído e dotado de qualidade moral é o médium, maiores
recursos facilita aos Espíritos.


O importante para o médium, dissemos mais acima, é assegurar-se
uma
proteção eficaz. O auxílio do Alto é sempre proporcionado ao fim que rias
propomos, aos esforços que empregamos para o merecer. Somos auxiliados,
amparados, conforme a importância das missões que nos incumbem, tendo-se
em
vista o interesse geral. Essas missões são acompanhadas de provas, de dificuldades
inevitáveis, mas sempre reguladas conforme as nossas forças e aptidões.
Desempenhadas com dedicação, com abnegação, as nossas tarefas nos
elevam na hierarquia das almas. Negligenciadas, esquecidas, não realizadas, nos
fazem retrotrair a escala de progresso. Todas acarretam responsabilidades. Desde o
pai de família que incute em seu filho as noções elementares do bem, o
preceptor da mocidade, o escritor moralista, até o orador que procura arrebatar as
multidões às culminâncias do pensamento, cada um tem sua missão a preencher.
Não há mais nobre, mais elevado cargo que ser chamado a propagar, sob a
inspiração das potências invisíveis, a verdade pelo mundo, a fazer ouvir aos homens
o atenuado eco dos divinos convites, incitando-os
à luz e à perfeição. Tal é o papel
da alta mediunidade.

Léon Denis. No Invisível.
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ATITUDE




Atitude, aliás, desculpista, em que se estribam os frívolos e irresponsáveis: a
da mudança de comportamento mediante a conquista deste ou daquele capricho.
Aludem que lhes falta o estímulo adequado para uma conduta sadia, de
responsabilidade, escusando-se por meio da acusação de que o mundo lhes é hostil
ou de que não são compreendidos.

Certamente que a hostilidade não é da sociedade para com eles, porquanto,
deslocando-se do modus operandi comportamental a que todos se impõem, são eles
os que hostilizam o chamado status quo, rebelando-se. Têm o direito de fazê-lo e
o fazem, não, porém, se devem propiciar a curiosa fuga psicológica no arrimo de
que a marcha dos acontecimentos deveria mudar a rota, a fim de os seguir...

Outrossim, a compreensão que insistem por merecer, resulta de um enfoque falso
da realidade.

O homem, colocado no contexto social, se o descobre deficiente ou incompleto,
tem o dever de compreender a situação, empenhando-se por modificar-lhe as
estruturas, a expensas de esforços e atitudes realmente válidos, com que
motivará outros a segui-lo.

Eis porque os que vivem na comodidade e na fuga aos compromissos relevantes não
merecem maior respeito, antes piedade, e, quando não, a indiferença. O mesmo
sucede em relação aos precipitados que se utilizam da violência e do crime,
apoiando-se em falsos conceitos para a mudança da vigente ordem social - a qual
se faz presente em qualquer tempo, desde que o homem, por instinto, é um
agressivo, pela razão, um experimentador de mecanismos novos, esquecido de que a
máquina da destruição enfurece os que lhe padecem o espezinhar e respondem
através da repressão violenta, até que o ódio combura, na mesma fornalha, os
contendores, ambos celerados em desenfreada alucinação egoísta.

Metodologia eficaz para as mudanças que sempre se pretende, en passant, a
própria transformação moral do indivíduo, influenciando o seu meio social,
adquirindo valores éticos-culturais-profissionais com que interfira
positivamente no comportamento da comunidade, armando-se de experiência para os
graves cometimentos que a vida lhe concederá, quando chamado ao exercício das
posições que ora combate, não se deixando anestesiar quando lá se encontre, ou
sucumbir sob a títere dominação dos grupos chamados de "primeira linha"...

O problema da Humanidade, antes que. sócio-económico é sócio-moral. O homem,
deslocado de um meio social corrupto ou primário, necessita de educação para
adquirir hábitos que o capacitem a uma vida consentânea com o ambiente onde será
colocado a viver. Mesmo quando o índice monetário per capita é de alto nível,
observam-se os calamitosos resultados morais, se lhe faltam os valores
espirituais imprescindíveis para um padrão médio de vida em clima de felicidade
e de paz.

Observe-se, por exemplo, ó alto índice de suicídios nos modernos países de
elevado nível económico, gerador de frustrações e inutilidade nos seus membros.

É óbvio que os factores criminógenos das favelas insalubres, dos bairros da
miséria, dos amontoados grupais, nos guetos da vergonha mais facilmente
proliferam na revolta, na agressividade, quando as condições de sobrevivência
infra-humana reduzem os seres a coisas sem valor, desrespeitados na sua
integridade de criaturas de Deus...

Os promotores da miséria e os seus fomentadores, os que mantêm o comércio da
ilicitude, os pugnadores dos explorados "direitos humanos" que se nutrem da
humana carne das vítimas dos seus establishments não se furtarão à amargura e ao
açodar da consciência em acrimoniosas acusações, embora se escudem na aparência
de poderosos e de gozadores.

O olhar das criancinhas misérrimas e esfaimadas, a viuvez decorrente da
tuberculose e da escassez de pão, a farta multidão dos desempregados e a dor dos
mutilados do corpo, da mente e da alma compõem uma patética que lhes cantará aos
ouvidos da alma torpe a litania lamentosa e acusadora da traição que praticam
contra Deus, o próximo, a humanidade e eles próprios...

Por isso, a importância do homem-espiritual, do homem-ético forjado no Cristo,
cuja mensagem, sempre actual e revolucionária, prossegue um desafio gritante aos
ouvidos moucos dos utilitaristas e hedonistas gananciosos, esperando por ser
atendida.

Claro está que, a breve digressão, objectiva desjustificar as escusas e
promessas em que se estribam os fátuos como os levianos, a fim de manterem a
conduta irregular.

Victor Hugo (espírito)

Extraído do romance Calvário de Libertação,

págs. 19, 20 e 21.

psicografia de Divaldo P. Franco

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O Espiritismo
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