Autor: Manoel Philomeno de Miranda (espírito), psicografia de Divaldo Franco.
“O Espiritismo se nos apresenta como o roteiro de segurança para o equilíbrio do espírito do homem. Desfazendo as ilusões da matéria e vencendo as sombras transitórias que vedam as visões do Mundo Espiritual, apresenta-nos as causas reais de cujos efeitos e somente neles, até agora, se há detido o pensamento da pesquisa tecnológica; suas asseverações rigorosamente filosóficas conseguiram avançar além da própria Filosofia no seu conjunto classicista, porque, em saindo da interrogação pura e simples, da indagação meramente vazia e das conjunturas da hipóteses, traz das realidades metafísicas as soluções morais e vitais para o enigma-homem, que se deixa de quedar perturbado pelas incógnitas diversas, para palmilhar a senda dos fatos, de cujo contexto extrai a realidade ontológica legítima que o capacita a avançar intimorato, embora as circunstâncias, condições e climas morais, sob cuja constrição evolui na direção do infinito. Sim, porque não são os homens que realizam espontaneamente incursões no além-túmulo, mas, e principalmente, os vitoriosos da sepultura vencida que retornam, cantando a ressurreição da vida após a lama e a cinza do corpo, a repetirem incessantemente a lição imorredoura do Cristo, na manhã gloriosa do domingo, logo após a sua morte, como Astro fulgurante, atestando desse modo a indestrutibilidade do espírito e, conseqüentemente, as sucessivas transformações da vida para atingir a sublimação. Religião do amor e da esperança, pábulo eucarístico pelo qual o homem pode comungar com a imortalidade, é o lenitivo para a saudade do desconforto ante a ausência dos seres amados que o túmulo arrebatou, mas não lhes conseguiu silenciar a voz; esperança dos padecentes que sofrem as ácidas angústias de hoje, compreendendo serem elas o resultado da própria insânia do passado, porém, com os olhos fitos na esplendorosa visão do amanhã, que lhes está nas mãos apressar e construir; praia de paz, na qual repousam em dinâmica feliz os nautas aflitos e cansados do trânsito difícil no mar das lutas carnais; santuário de refazimento através da prece edificante; escola de almas, que aprendem no estudo das suas informações preciosas e das suas lições insuperáveis a técnica de viver para fruírem a benção de morrer nobremente; hospital de refazimento para os trânsfugas do dever, que nele encontram o bálsamo para a chaga física, mental, moral; todavia, recebem a diretriz para amar e perdoar, a fim de serem perdoados e amados pelos que feriram e infelicitaram; ‘colo de mãe’ generosa é o amparo da orfandade, preparando-a para o porvir luminoso, já que ninguém é órfão do amor do Nosso Pai; abrigo da velhice, portal que logo abrirá de par-em-par a aduana da Imortalidade; oficina de reeducação onde a miséria desta ou daquela natureza encontra a experiência do trabalho modelador de caracteres a serviço das fortunas do amor; traço de união entre a criatura e o Criador, religando-os e reaproximando-os, até que a plenitude da paz possa cantar em cada criatura, à semelhança do que o Apóstolo das gentes afirmava: ‘Já não sou eu quem vivo, mas é o Cristo que vivem em mim’. (Gálatas, 2: 20).
As altas responsabilidades conseqüentes do conhecimento do Espiritismo, forjam homens verazes, cristãos legítimos. Neles não há campo para a coexistência pacífica do erro com a retidão, da mentira com a verdade, da dissimulação com a honestidade, da lealdade com a hipocrisia, da maledicência com a piedade fraternal, da ira com o amor... Compreendendo que ser espírita é traçar na própria conduta o comportamento do Cristo, a exemplo de todos aqueles que O seguiram, e consoante preceitua o eminente apóstolo Allan Kardec, o aprendiz da lição espírita é alguém em combate permanente pela própria transformação moral, elevação espiritual e renovação mental, com vistas à perfeição que a todos nos acena e espera.”
Livro: Nos Bastidores da Obsessão
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