Allan Kardec, o grande, notável, ínclito, egrégio e emérito Codificador do Espiritismo, perguntou na questão 919 de O Livro dos Espíritos:
"Qual é o meio prático mais eficaz para evoluir na Terra sem se deixar levar pelas más tendências?" É o mesmo que perguntar: como chegar à felicidade possível na Terra?
E os espíritos superiores responderam: "Um sábio da antiguidade já disse: conhece-te a ti mesmo".
O melhor meio de garantirmos uma morte suave
e tranqüila é viver dignamente, com simplicidade e sobriedade,
com uma vida sem vícios nem fraquezas, desligando-nos
antecipadamente de tudo o que nos prende à matéria, idealizando
nossa existência, povoando-a com pensamentos elevados e com
ações nobres.
O mesmo acontece com as condições boas ou ruins da vida
de além-túmulo. Elas também dependem unicamente da maneira
pela qual desenvolvemos nossas tendências, nossos apetites,
nossos desejos. É no presente que é preciso se preparar, agir,
se reformar, e não no momento em que se aproxima o fim terrestre.
Seria tolice acreditar que nossa situação futura depende de
certas formalidades mais ou menos bem cumpridas na hora da
partida. É a nossa vida inteira que responde pela vida futura.
Tanto uma quanto a outra estão ligadas estreitamente; elas formam
uma série de causas e efeitos que a morte não interrompe.
Não é menos importante pôr fim às fantasias que preocupam
certos cérebros, a respeito de lugares reservados às almas
após a morte, aonde seres hediondos devem conduzi-las para as
atormentar. Aquele que cuidou do nosso nascimento colocandonos,
ao virmos ao mundo, em braços amantes, estendidos para
nos receberem, também nos reserva afeições em nossa chegada
no além. Expulsemos para longe de nós os terrores vãos, as
visões infernais, as beatitudes ilusórias. O futuro, assim como o
presente, é a atividade, o trabalho. É a conquista de novos postos.
Tenhamos confiança na bondade de Deus, em seu amor por suas
criaturas, e avancemos com o coração firme para o alvo que
para todos Ele marcou.
Não temos outro juiz ou algoz no além-túmulo a não ser a
nossa própria consciência. Livres dos obstáculos terrestres, ela
adquire um grau de importância difícil de ser compreendido por
nós. Muitas vezes adormecida durante a vida, ela acorda com a
morte e sua voz se eleva; evoca as lembranças do passado;
livres de qualquer ilusão, aparecem-lhe sob sua verdadeira luz, e
nossas menores faltas tornam-se causa de lamentações.
Como disse F. Myers: “Não há necessidade de purificação
pelo fogo; o conhecimento de si mesmo é a única punição e a
única recompensa do homem”. A harmonia está em toda parte,
tanto na marcha solene dos mundos quanto na dos destinos. Cada
um é classificado de acordo com suas aptidões na ordem universal.
Aos grandes espíritos cabem as altas tarefas, as criações
do gênio; às almas fracas, as obras medíocres, as missões
inferiores. Em todas as atividades de nossas vidas, tendemos
para o lugar que nos convém e nos pertence legitimamente.
Façamo-nos almas poderosas, ricas de ciência e de virtude,
aptas para as obras grandiosas, e elas criarão por si mesmas
um lugar nobre na ordem eterna. Pela alta cultura moral, pela conquista
da energia, da dignidade, da bondade, esforcemo-nos para
atingir o nível dos grandes espíritos que trabalham pela causa da
humanidade, e mais tarde iremos saborear com eles as alegrias
reservadas ao verdadeiro mérito. Então, a morte, em vez de ser
um espantalho, irá se tornar, para nós, um benefício, e poderemos
repetir as palavras célebres de Sócrates: “Ah! Se é assim,
deixai que eu morra muitas vezes! ”
LÉON DENIS. OBRA: O PROBLEMA DO SER, DO DESTINO E DA DOR.
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O Espiritismo
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