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quarta-feira, 14 de julho de 2010

AUTO CONHECIMENTO

Allan Kardec, o grande, notável, ínclito, egrégio e emérito Codificador do Espiritismo, perguntou na questão 919 de O Livro dos Espíritos:




"Qual é o meio prático mais eficaz para evoluir na Terra sem se deixar levar pelas más tendências?" É o mesmo que perguntar: como chegar à felicidade possível na Terra?



E os espíritos superiores responderam: "Um sábio da antiguidade já disse: conhece-te a ti mesmo".



O melhor meio de garantirmos uma morte suave

e tranqüila é viver dignamente, com simplicidade e sobriedade,

com uma vida sem vícios nem fraquezas, desligando-nos

antecipadamente de tudo o que nos prende à matéria, idealizando

nossa existência, povoando-a com pensamentos elevados e com

ações nobres.

O mesmo acontece com as condições boas ou ruins da vida

de além-túmulo. Elas também dependem unicamente da maneira

pela qual desenvolvemos nossas tendências, nossos apetites,

nossos desejos. É no presente que é preciso se preparar, agir,

se reformar, e não no momento em que se aproxima o fim terrestre.

Seria tolice acreditar que nossa situação futura depende de

certas formalidades mais ou menos bem cumpridas na hora da

partida. É a nossa vida inteira que responde pela vida futura.

Tanto uma quanto a outra estão ligadas estreitamente; elas formam

uma série de causas e efeitos que a morte não interrompe.

Não é menos importante pôr fim às fantasias que preocupam

certos cérebros, a respeito de lugares reservados às almas

após a morte, aonde seres hediondos devem conduzi-las para as

atormentar. Aquele que cuidou do nosso nascimento colocandonos,

ao virmos ao mundo, em braços amantes, estendidos para

nos receberem, também nos reserva afeições em nossa chegada

no além. Expulsemos para longe de nós os terrores vãos, as

visões infernais, as beatitudes ilusórias. O futuro, assim como o

presente, é a atividade, o trabalho. É a conquista de novos postos.

Tenhamos confiança na bondade de Deus, em seu amor por suas

criaturas, e avancemos com o coração firme para o alvo que

para todos Ele marcou.

Não temos outro juiz ou algoz no além-túmulo a não ser a

nossa própria consciência. Livres dos obstáculos terrestres, ela

adquire um grau de importância difícil de ser compreendido por

nós. Muitas vezes adormecida durante a vida, ela acorda com a

morte e sua voz se eleva; evoca as lembranças do passado;

livres de qualquer ilusão, aparecem-lhe sob sua verdadeira luz, e

nossas menores faltas tornam-se causa de lamentações.

Como disse F. Myers: “Não há necessidade de purificação

pelo fogo; o conhecimento de si mesmo é a única punição e a

única recompensa do homem”. A harmonia está em toda parte,

tanto na marcha solene dos mundos quanto na dos destinos. Cada

um é classificado de acordo com suas aptidões na ordem universal.

Aos grandes espíritos cabem as altas tarefas, as criações

do gênio; às almas fracas, as obras medíocres, as missões

inferiores. Em todas as atividades de nossas vidas, tendemos

para o lugar que nos convém e nos pertence legitimamente.

Façamo-nos almas poderosas, ricas de ciência e de virtude,

aptas para as obras grandiosas, e elas criarão por si mesmas

um lugar nobre na ordem eterna. Pela alta cultura moral, pela conquista

da energia, da dignidade, da bondade, esforcemo-nos para

atingir o nível dos grandes espíritos que trabalham pela causa da

humanidade, e mais tarde iremos saborear com eles as alegrias

reservadas ao verdadeiro mérito. Então, a morte, em vez de ser

um espantalho, irá se tornar, para nós, um benefício, e poderemos

repetir as palavras célebres de Sócrates: “Ah! Se é assim,

deixai que eu morra muitas vezes! ”



LÉON DENIS. OBRA: O PROBLEMA DO SER, DO DESTINO E DA DOR.

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O Espiritismo

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